Bernie Sanders apela a "oposição vigorosa à intolerância" de Trump

Bernie Sanders apoia protestos contra Trump, exortando a mobilização e luta contra o presidente eleito. Senador quer mudanças no Partido Democrata, que acusa de ter "ignorado a classe trabalhadora".

Bernie Sanders

"A nossa função é opormo-nos vigorosamente através de milhões e milhões de pessoas e de muitas maneiras diferentes", sublinhou Sanders no programa Today da BBC Radio 4.

"Preocupa-me muito que um presidente Trump nos faça andar para trás e nós, progressistas, não vamos permitir que isso aconteça. Chegamos muito longe para agora voltarmos ao racismo e ao sexismo", sublinhou o ex-candidato à nomeação democrata.

Sanders apelou à mobilização contra Trump: "Temos que reunir milhões de pessoas para que juntas digam: 'Não vamos deportar milhões de latinos deste país. Não vamos permitir que as mulheres sejam ofendidas e atacadas e que lhes sejam retirados os seus direitos' ".

O senador do estado de Vermont afirmou estar disposto a trabalhar com Trump se este cumprir as promessas de campanha e adotar políticas que melhorem a vida das famílias trabalhadoras neste país.

Mas acrescentou: "Vamos opor-nos vigorosamente ao seu sectarismo e intolerância", o que passa por “reunir milhões de pessoas juntas para deixar claro a Trump e aos seus aliados que vão pagar um preço político muito, muito pesado se prosseguirem com políticas que o povo americano não quer”.

Sanders comprometeu-se também a lutar contra Trump no que respeita às suas propostas na área do ambiente, e destacou a importância da mobilização popular para forçar os republicanos a adotar medidas contra as alterações climáticas que o atual presidente americano nega.

Segundo o ex-candidato à nomeação democrata, Trump venceu porque se dirigiu a "muita angústia e ansiedade e infelicidade na América em termos do que se está a passar com as famílias trabalhadoras".

Questionado sobre se teria vencido Trump, Sanders referiu que é "impossível saber".

"Há estudos de opinião que sugerem isso, mas não sabemos a resposta. Adoraria ter tido a oportunidade. Mas, recorde-se, Hillary Clinton acabou por ter mais votos que Donald Trump. Eu poderia ter feito melhor? Talvez sim, talvez não", apontou.

O senador de Vermont lembrou ainda que Trump “entra na Casa Branca como o candidato presidencial menos popular na história americana”, sublinhando que muitas das pessoas que votaram nele não secundam as suas afirmações “sobre minorias, mulheres ou muitos outros assuntos”.

"A agenda de Trump é uma agenda de minoria, não apoiada pela maioria das pessoas. O nosso desafio é mobilizar e educar e lutar em cada instância”, vincou.

Mudanças dentro do Partido Democrata

"Ao longo dos anos, o Partido Democrata tornou-se um partido mais preocupado em angariar dinheiro de personalidades abastadas do que em trazer trabalhadores para o partido e enfrentar a classe milionária, Wall Street, os laboratórios farmacêuticos ou as companhias de seguros. Não tem sido forte na defesa das necessidades das famílias dos trabalhadores", lamentou.

"Os democratas centraram-se numa elite que arrecadou incríveis quantias de dinheiro mas que ignorou a classe trabalhadora, a classe média e os cidadãos de baixos rendimentos deste país", reforçou.

Neste contexto, “penso que as pessoas disseram: 'Bem, os democratas não o fizeram, vou tentar este Trump'", acrescentou o senador de Vermont.

"Agora precisamos de criar um movimento de base de milhões de pessoas que queiram transformar este país", defendeu Sanders, afirmando ainda estar a trabalhar “para encontrar e apoiar uma nova liderança para o Partido Democrata e um processo inteiramente novo pelo qual damos as boas-vindas aos trabalhadores e aos jovens a esse partido".