Leônidas da Silva, o "Diamante Negro" comunista

Fosse hoje, com todo marketing que cerca qualquer jogador um pouco acima de média, Leônidas da Silva seria tido como um dos três maiores jogadores da história do futebol brasileiro. Certamente a grande maioria dos brasileiros jamais ouviu falar dele mas, de acordo com os que o viram jogar, está no nível de Pelé e Garrincha. O curioso é que Leônidas era muito simpático ao Partido Comunista do Brasil.

Leônidas da Silva

Leônidas esteve presente em duas copas do mundo, tendo sido artilheiro da copa de 1938. O maior ídolo do Brasil era apelidado de Diamante Negro e foi dele a criação de uma das jogadas mais belas do futebol, o gol de bicicleta.

Aproveitando-se de sua popularidade, uma empresa de chocolates criou um produto que ainda hoje é comercializado e leva seu apelido. O chocolate Diamante Negro é uma homenagem ao craque que, nas eleições de 1945, votou no comunista Yedo Fiúza.

Os jogadores da Seleção, concentrados em Caxambu (MG), tiveram urnas improvisadas para votar nas eleições presidenciais daquele ano. Elas ocorreram em 4 de dezembro daquele ano e os 32 jogadores da Seleção puderam votar. Dentre eles estava Leônidas da Silva, o melhor jogador do Brasil a partir dos anos 1930. Leônidas votou no candidato do Partido Comunista do Brasil (Então PCB) Yedo Fiúza. Ao ser indagado do motivo do voto, respondeu dizendo: "Votei no Fiúza porque sou um homem do povo".

Outros integrantes da Seleção afirmavam que não votariam no candidato porque eram "católicos". Jornalistas tinham tentando colocar Leônidas na parede, nas entrevistas da época. Perguntavam se não havia contradição em ser católico e comunista, o que o jogador negou.

Não há nenhum erro em acreditar em Deus e ser comunista, porque tanto a religião católica quanto o comunismo se preocupam com os pobres, com o povo, afirmava.

Um dos maiores ídolos do futebol brasileiro declarava, assim, sua proximidade com o PCB, um ano antes do partido ser colocado mais uma vez na ilegalidade.

Leônidas deixou de vencer uma Copa porque o técnico do Brasil em 1938 não o escalou para a partida de semifinal diante da Itália, que terminou com a derrota da Seleção por 2 a 1. A famosa "teoria da conspiração" já é velha, pois dizia-se na época, que o técnico brasileiro, Ademar Pimenta, foi subornado pelo governo fascista de Mussolini para não escalar Leônidas, "por ele ser o melhor jogador do escrete e ser negro".

Essa história carece de provas. Mas a categoria e o posicionamento político de Leônidas, não.

Cartaz da Copa de 1938, em homenagem ao artilheiro do certame: