Crises política e econômica resultaram em menos emprego e renda

A Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD) 2015, divulgada nesta sexta (25) pelo IBGE, mostra os impactos da crise política e econômica sobre a vida dos brasileiros. Em 2015, ano no qual a oposição a Dilma Rousseff fez de tudo para inviabilizar sua gestão, paralisando o país, a Operação Lava Jato também fez seu estrago e o próprio governo fez escolhas equivocadas diante dos problemas na economia, a renda da população diminuiu e o desemprego aumentou.

Desemprego - EBC

Pela primeira vez em 11 anos, houve queda nos rendimentos reais do trabalhador brasileiro. A renda média passou de R$ 1.950, em 2014, para R$ 1.853, em 2015, o que representa uma redução de 5%. A queda aconteceu nos salários dos mais pobres e também dos mais ricos.

O índice que mede a desigualdade foi o menor da série histórica, mas isso ocorreu em um contexto em que todas as classes sociais ficaram mais pobres. “A concentração diminuiu porque piorou mais para quem estava melhor em vez de melhorar para quem estava pior”, disse a coordenadora da pesquisa do IBGE, Maria Lúcia Vieira.

A renda média mensal domiciliar caiu 7,5% no ano passado, chegando a R$ 3.186, exatos R$ 257 a menos do que o valor registrado em 2014.

Todas as categorias do emprego acusaram redução no rendimento médio mensal real do trabalho principal, com destaque para os trabalhadores domésticos com carteira assinada (-3,1%).

Maria Lúcia Vieira, explicou que a queda está diretamente relacionada com a diminuição da população ocupada no país no ano passado.“Foi um período em que a desocupação aumentou muito, cerca de 38%, e atingiu principalmente as pessoas ocupadas na indústria, na região Sudeste, e com carteira assinada, que têm rendimentos maiores que os sem carteira e os que trabalham por conta própria. A ocupação caiu justamente nos setores onde os rendimentos eram maiores”, disse ela.

Desemprego 

De 2014 para 2015, o emprego formal diminuiu no país. No ano passado, o número de empregados com carteira assinada no setor privado (em atividade não agrícola), 33,3 milhões, caiu 5,1%, com menos 1,8 milhão de pessoas. Mas a queda foi ainda mais acentuada entre empregados sem carteira (-9,1%), enquanto os trabalhadores por conta própria passaram de 21,1 milhões para 23 milhões.

No total, o número de ocupados no país caiu de 98,6 milhões para 94,8 milhões – retração de 3,9% –, enquanto o de desempregados subiu 38%, de 7,2 milhões para pouco mais de 10 milhões. Foi a primeira queda na ocupação desde 2004.

A taxa de desemprego no país passou de 6,9% para 9,6%. Segundo o IBGE, mais da metade dos desempregados (53,6% eram mulheres), 33,4% tinham de 18 a 24 anos, 60,4% eram pretos ou pardos (classificação do instituto) e 48,2% não tinham completado o ensino médio.

Entre os setores, os serviços, com 43,9 milhões de ocupados, responde por 43,6% do total. Comércio/reparação de veículos (17,2 milhões) tem 18,2% e atividades agrícolas (13,2 milhões), 13,9%. Depois vêm a indústria (11,9 milhões), com 12,6% e a construção (8,5 milhões), com 9%. O setor industrial perdeu 8% – aproximadamente 1 milhão de trabalhadores a menos no ano.

Embora percentualmente a participação de contribuintes para a previdência tenha se mantido estável (de 61,7% para 62%), o número caiu em 2 milhões, para 58,8 milhões de pessoas, por causa da redução no total de ocupados. Já a participação de trabalhadores sindicalizados (18,4 milhões) entre os ocupados subiu de 16,8% para 19,4%.

Trabalho infantil e analfabetismo

No mesmo período, o trabalho infantil recuou. Mesmo assim, 2,7 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos ainda trabalham no Brasil.

Outra notícia boa é que a taxa de analfabetismo entre as pessoas de 15 anos ou mais também seguiu em queda: 8% dos brasileiros não sabem ler nem escrever. A região Nordeste é a região que responde pelo maior número proporcional de analfabetos (16,2%, no total). Mas é também onde houve a maior queda na taxa na última década.