UNA é lançada na Bahia e almeja travar debate político sobre Lgbtfobia

A UNA-LGBT (União Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Travestis e Transgêneros) lançou uma seção na Bahia, durante um evento no Sindicato dos Comerciários de Salvador, no último sábado (17/12), para fortalecer a luta em defesa da diversidade de orientação sexual e identidade de gênero. O lançamento também contou com debates sobre os direitos da população LGBT no Brasil, com a presença de convidados da política, da academia e do movimento social.

Juremar Oliveira, um dos integrantes da UNA baiana, explicou que a entidade chega para agregar e incorporar outros debates à causa. “A UNA se consolida na Bahia para agregar ao movimento LGBT e, além disso, lutar por outras questões ligadas à questão LGBT, como a segurança, a educação, o mundo do trabalho. Vamos fazer também um debate de conjuntura [política] porque não adianta lutar por questões individuais quando o debate da conjuntura nacional interfere”.

O presidente nacional da entidade, Andrey Lemos, esteve no evento e reforçou que a atuação também se dará no âmbito político, de modo a ampliar a inserção das questões de igualdade sexual e de gênero nos espaços de poder. “A UNA vem, também, para cumprir esse papel mais político de uma luta mais enraizada no povo brasileiro. Sem a transformação dessa sociedade a gente não acredita no fim da Lgbtfobia”, pontua.

A intenção da entidade de se inserir no debate político foi abraçada pelo Comitê Estadual do PCdoB. O presidente estadual do partido, Davidson Magalhães, esteve no lançamento, ao lado da presidenta municipal em Salvador, Olívia Santana, da deputada federal Alice Portugal, da secretária estadual de Organização, Daniele Costa, e da dirigente nacional Ângela Guimarães.

Segundo Davidson, o PCdoB-BA dá as boas-vindas ao movimento porque a luta é comum à essência do partido, de busca pela igualdade. “Vamos participar ativamente e chamamos os nossos militantes a participar de todas essas organizações porque nós precisamos estar presentes com essa ideia da emancipação social, onde quer que as lutas estejam. Onde quer que estejam a discriminação e a opressão, o nosso partido estará presente. Lutamos pela igualdade”.

Olívia Santana, que também é secretária nacional de Combate ao Racismo, defendeu a importância que, nos partidos de esquerda com orientação marxista, as lutas como o combate ao racismo, à homofobia e ao machismo caminhem juntas aos esforços pela implantação do socialismo. Para ela, é preciso pensar a luta de classes como uma luta por avanço civilizatório.

“A gente erra quando nega a luta de classes – e diz que uma luta é só sobre o combate ao racismo, ou só sobre o combate à homofobia ou ao machismo – e a gente também erra quando diz que, chegado o socialismo, tudo isso vai se acabar. Não acabou na União Soviética, não acabou em Cuba, não acabou em nenhum lugar em que a implantação do socialismo se deu”, explicou Olívia.

Educação sem lgbtfobia

Alice Portugal, que integra a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, defendeu a importância de uma interferência no modo como as escolas têm tratado a questão das diferenças. Segundo ela, o trabalho no colegiado permitiu o contato com muitas histórias de exclusão e violência contra pessoas LGBTs em instituições de ensino pelo País.

Para a parlamentar, a escola deve enfrentar o debate e atuar de maneira a não impor às crianças uma circunstância social que elas não se encaixam. “A luta contra o bullying é algo primordial”, defendeu.

Apoio a Jean Wyllys

O ato de lançamento da UNA-LGBT na Bahia também discutiu o processo de suspensão do mandato do deputado federal Jean Wyllys, do PSOL – que é baiano, embora tenha sido eleito pelo Rio de Janeiro. Uma moção de repúdio foi aprovada e será encaminhada à Câmara.

De Salvador,
Erikosn Walla