Agronegócio faz novos ataques à escola de samba Imperatriz 

A pouco mais de um mês do desfile que vai levar para a Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, o samba-enredo Xingu – o Clamor da Floresta, a escola de samba Imperatriz Leopoldinense continua na mira de ataques do agronegócio e de seus aliados.

Imperatriz Leopoldinense nega que enredo seja uma crítica ao agronegócio - Reprodução/Divulgação

Nesta terça-feira (17), a Agência Estado, agência de notícias vinculada ao jornal O Estado de S. Paulo, publicou reportagem, reproduzida pelos principais jornais do país, na qual o conselheiro José Luiz Megido, do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS), afirma que “por incompetência e erro brutal de alguém no seu conjunto de decisões carnavalescas, surge lá uma ala horrenda, demoníaca, desgraçada".

nesta quinta-feira (19), o mesmo CCAS, que tem a maioria de seus conselheiros afinados com o agronegócio e a indústria de agrotóxicos, publicou artigo em que enaltece o papel dos latifundiários, enquanto guardiões da natureza e da agropecuária nacional, como alavanca ambiental. Conforme o artigo, um claro contraponto ao samba-enredo, 20% da área cultivada no Brasil, ou 11,5 milhões de hectares, correspondem a sistemas integrados, em que culturas graníferas e pastagens, com ou sem florestas, crescem juntas, de maneira integrada, fixando carbono e diminuindo emissão de gás carbônico.

Juntas, a Associação Brasileira de Agroecologia e a Articulação Brasileira divulgaram moção de apoio à Imperatriz Leopoldinense. Em nota, as entidades reconhecem a coragem da agremiação em homenagear os povos indígenas em tempos tão difíceis no país, “tempos em que avançam rapidamente políticas e projetos que colocam em risco a sobrevivência não só dessas etnias, mas também de rios e territórios que, graças a elas, o paraíso continua fazendo ali o seu lugar”.

É o cuidado, a reverência e a proteção com a mãe terra, segundo as entidades, que colocam esses povos no alvo da cobiça daqueles que, como não a amam, dela não cuidam. “Não é por acaso que, historicamente, são ameaçados, emboscados, perseguidos e mortos. E têm suas nações inteiramente aniquiladas pela ganância, pela violência ou simplesmente pelo descaso das autoridades. Seja no Xingu ou em qualquer outra parte do mundo.”