Governo Trump recua e critica assentamentos israelenses

Após prometer se afastar radicalmente da política externa do ex-presidente Barack Obama, Donald Trump voltou atrás em relação a um dos principais pilares da estratégia de seus sucessor. Nesta quinta-feira (02), a Casa Branca alertou Israel de que a construção de novos assentamentos na Cisjordânia ocupada irá atrapalhar a convivência entre israelenses e palestinos.

Israel colônias - Alamy

Em comunicado, o governo Trump disse que o desejo dos EUA de que a paz seja alcançada na região permanece inalterado há 50 anos.

"Ao mesmo tempo que não acreditamos que a existência de assentamentos seja um impedimento para a paz, a construção de novos ou a expansão dos já existentes para além das fronteiras atuais não deve ajudar a atingir essa meta", diz o documento.

O texto enfatiza que o governo Trump ainda não se pronunciou oficialmente sobre os assentamentos e que o presidente americano pretende discutir o assunto com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Os dois têm um encontro marcado em Washington para 15 de fevereiro.

Mudança de discurso

Antes de ser eleito, Trump criticou o governo Obama por não vetar a decisão do Conselho de Segurança da ONU de condenar os assentamentos. Em dezembro passado, o órgão exigiu que Israel parasse de construir novas colônias em territórios palestinos ocupados, incluindo Jerusalém Oriental. O argumento é de que os assentamentos "colocam em risco a viabilidade da solução de dois Estados".

Desde a posse de Trump e sem a pressão imposta pelo governo Obama, Netanyahu anunciou nesta semana a construção de 3 mil novas casas na Cisjordânia, sob críticas do Reino Unido, Alemanha e União Europeia. Após a posse de Trump, em 20 de janeiro, Israel aprovou também a construção de mais de 500 casas em Jerusalém Oriental e outras 2.500 na Cisjordânia ocupada.
Cerca de 350 mil israelenses vivem na Cisjordânia, e outros 200 mil em Jerusalém Oriental, cujo controle foi assumido por Israel após a Guerra dos Seis Dias, em 1967.