Marisa deixa exemplo de mulher de luta e despertar contra intolerância

Marisa Letícia, mulher do ex-presidente Lula, que faleceu no início da noite de sexta-feira (3), após ter morte cerebral declarada no dia anterior, por consequências de um acidente vascular cerebral (AVC) foi iniciado pontualmente às 10h, no terceiro andar do Sindicato dos metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, onde o Lula e familiares recebem a solidariedade do público que foi levar sua última homenagem a ex-primeira dama. 

Marisa e Lula

Do lado de fora, uma longa fila dobra as esquinas no entorno do prédio. Um dos primeiros a chegar ao velório de Marisa Letícia, o presidente do sindicato, Rafael Marques falou à Rádio Brasil Atual sobre a escolha da entidade para as cerimônias.

"Foi aqui que Marisa Letícia conheceu o presidente Lula. Ela era uma frequentadora do sindicato, usuária dos serviços oferecidos pelo sindicato nos anos 70. Aqui ela conheceu o presidente Lula e não fechou essa relação com ele em casa, ela se juntou com ele à família metalúrgica. Uma pessoa que sempre esteve ao redor do sindicato, motivando os dirigentes que passaram depois dele, sempre presente, com palavras de força e conforto nas horas difíceis, de valorização nas conquistas. Uma figura da maior importância para a história da categoria", afirmou.

O dirigente destacou ainda que Marisa Letícia "representa muito bem aquilo que as mulheres metalúrgicas significam para as lutas do sindicato. A história dessa luta foi reforçada pelo coletivo de mulheres trabalhadoras e de companheiras de trabalhadores. Muitas greves foram vitoriosas pela atuação das mulheres e a Marisa sempre esteve junto com esses movimentos. Foi uma grande consternação nas fábricas."

Rafael Marques acredita ainda que a morte de Marisa Letícia traga um novo legado, além do exemplo de luta e dedicação às bandeiras da classe trabalhadora. "Acho que nessa conjuntura que vivemos, de tanta raiva, de gente insensata, que a morte da Marisa vai abrir o debate que nós queremos. Nas redes sociais já se percebe muita gente querendo reagir contra esse clima de intolerância que a gente está vivendo. Intolerância que ela sofreu muito, com os ataques contra a família, os vazamentos da conversada família feita pelo juiz da lava jato. Ela se machucou muito e agora deixa um despertar, uma mensagem de que precisamos ir por outro caminho, não pode mais querer dar na cara um do outro, só porque pensa diferente."