Há 85 anos, nascia Cienfuegos, o carismático líder da revolução cubana

Quando Fidel Castro entrou em Havana vitorioso, depois do triunfo da revolução, em 1959, quem estava ao seu lado, com seu típico chapéu de fibra de palma usado pelos camponeses cubanos era Camilo Cienfuegos, o revolucionário que “veio do povo e viveu para o povo”, segundo o ex-presidente cubano. Nesta segunda-feira (6), Cienfuegos completaria 85 anos, ele morreu meses depois de chegar ao governo e até hoje a causa da morte permanece incerta.

Por Mariana Serafini

Camilo Cienfuegos - Divulgação

Cienfuegos é considerado, até hoje, um dos mais carismáticos líderes revolucionários de Cuba. Seu jeito irreverente, o chapéu de abas largas e a facilidade de se dirigir ao povo fez com que fosse rapidamente escolhido pelos camponeses como uma figura a ser seguida. Durante os anos em Sierra Maestra foi um dos mais pragmáticos dirigentes da expedição revolucionária.

Diferente de Fidel e Ernesto “Che” Guevara, Cienfuegos não veio de uma família abastada, nem teve contato com os ideais de esquerda na universidade. De origem muito humilde, filho de um alfaiate e uma dona de casa, sempre sonhou em ser escultor, mas precisou largar os estudos para trabalhar. Foi zelador, pintor de paredes e trabalhou em outras pequenas tarefas para contribuir com o sustento da família.


Em meio aos camponeses, é praticamente impossível encontrar Cienfuegos, ele se camufla com seu sombrero | Foto: Alberto Korda


Como milhares de latino-americanos e caribenhos pobres, Cienfuegos também se aventurou em busca de melhores condições de trabalho nos Estados Unidos, onde encontrou em contato com as lutas sociais. No gigante vizinho, participou de manifestações em defesa dos direitos dos imigrantes e, devido à atuação política, foi deportado.

Em Cuba não, demorou para se integrar à movimentação que começava a surgir contra a ditadura de Fulgêncio Batista. Apesar de ter sido um dos mais importantes líderes da revolução, foi um dos últimos a ingressar na Expedição Granma, rumo à Sierra Maestra.


Todos os anos, crianças vão à praia para jogar flores em homenagem a Cienfuegos 

 

Poucos meses depois do triunfo da revolução, em outubro de 59, Cienfuegos partiu em uma missão oficial do governo cubano e não voltou mais. Seu avião nunca foi encontrado. Até hoje, milhares de pessoas vão à praia no dia 28 de outubro, que foi declarado oficialmente o dia de sua morte, e jogam flores ao mar para homenagear o líder que veio do povo, lutou pelo povo e morreu trabalhando pelo povo cubano.

Homenagens a Camilo Cienfeugos:

– Na Escola Militar Camilo Cienfuegos (EMCC) os alunos são chamados de “Camilitos”;
– Há a Universidade Camilo Cienfueos de Matanzas;
– A imagem de Cienfuegos está estampada nas notas de 20 pesos;
– Na Praça da Revolução, em Havana, além do retrato de Che, há outro de Cienfuegos;
– Um local no município de Santa Cruz, que se chamava Central Hershey, foi rebatizado como Central Camilo Cienfuegos em 59;
– Artistas e grupos musicais renderam obras em homenagem ao líder revolucionário;
– Na Argentina há uma banda chamada Cienfuegos.