Carlos Marun é eleito presidente da comissão da reforma da Previdência

A Comissão Especial da Reforma da Previdência (PEC 287/16) foi instalada nesta quinta-feira (9) elegendo o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) presidente, com 22 votos. Marun foi indicado pela bancada do PMDB e ficou conhecido por ser um dos aliados mais fiéis do ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que hoje está preso por envolvimento na Operação Lava Jato. Disputaram com ele os deputados Pepe Vargas (PT-RS), que recebeu 8 votos, e Major Olímpio (SD-SP), 4 votos.

Marun e Cunha - Agncia Brasil - Agência Brasil

O relator será o deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), que, antes do início da sessão, antecipou que pretende entregar seu parecer na segunda quinzena de março. O governo Michel Temer tem pressa em aprovar a reforma e evitar o aprofundamento do debate e manifestações dos movimentos sociais. O deputado disse, no entanto, que até lá pretende realizar oito audiências públicas e um seminário internacional para discutir o tema.

Alice Portugal (BA), líder do PCdoB na Câmara, participou da sessão e reafirmou a posição da bancada do partido sobre a reforma. “Nós, do PCdoB, representados nesta comissão, estamos lutando para que essa reforma não seja aprovada, pois é uma reforma sem conserto. Apresentaremos emendas, mas o ideal é que o povo se manifeste nas ruas impedindo que essa reforma vá a termo porque ela prejudica os brasileiros hoje e amanhã”, afirmou.

A líder comunista frisou que a proposta de reforma de Temer “retira o direito de se aposentar” no Brasil. “25 anos de contribuição, na medida em que cerca de 50% dos trabalhadores só conseguem contribuir cinco ou seis meses por ano, jamais chegarão a 25 anos. E mulheres se aposentarem com a mesma idade dos homens, com 65 anos, é de uma crueldade brutal”, enfatizou.

Como afirma Alice Portugal, a mobilização popular será fundamental, já que o governo tem pressa em aprovar a proposta, sem alterações. Antes mesmo da votação para eleger o presidente da comissão, Marun se reuniu, nesta quarta (8), com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para discutir o cronograma da proposta. Segundo ele, o governo e a base aliada trabalham para aprovar a reforma da Previdência ainda neste primeiro semestre.

O deputado negou querer acelerar as discussões. “Alguém já ouviu falar que eu sou o [Emerson] Fittipaldi para acelerar? Cabe a mim a condução, não o mérito. Vamos fazer uma condução serena, mas num ritmo constante para que, sem atropelo, possamos ouvir os segmentos da sociedade e construir a nossa convicção”, declarou.

Segundo Marun, a comissão deve aprovar o relatório no fim de março, para a proposta ir ao plenário da Câmara em seguida. O objetivo, disse, é aprovar o texto no Senado até o fim de junho.