Campanha será tensa para as eleições presidenciais na Sérvia

Sem terem sido sequer convocadas, as próximas eleições presidenciais na Sérvia envolvem a agenda política nacional, sobretudo pela profusão de candidatos e a exaltação do verbo, um prenúncio do que será a campanha.

Tomislav Nikolic

Como a realidade sempre supera o imaginável, pelo que publicam os meios e se escuta em conversas com amigos, interlocutores acidentais, diplomatas e colegas, a verdade é que o proselitismo pelo assento à primeira magistratura do Estado começou há meses.

Sem citar nomes, várias figuras políticas e candidatos independentes exteriorizaram sua inclinação à candidatura e quase todos se atribuem ser a representação do interesse dos cidadãos e de que são uma opção melhor do que o outro.

Isto não é uma novidade no mundo das disputas entre partidos e movimentos a fim de atingir a chefia de Estado ou de governo, sobretudo em países como a Sérvia, considerado um novo ator no espaço da democracia desde o ano 2000, com o fim do governo de Slobodan Milosevic.

O 13, considerado símbolo de azar por uma boa parte dos povos do planeta, é o número dos candidatos que até agora se perfilam para participar nesta disputa, mas não se exclui que aumente.

Chama a atenção que dois deles, uma mulher e um homem, são sérvios residentes nos Estados Unidos, ambos do Partido Republicano que levou Donald Trump à presidência.

O mandato do atual presidente, Tomislav Nikolic, conclui no dia 30 de maio, razão pela qual as eleições devem ser convocadas em abril, no segundo domingo, mas ainda não se deu esse passo.

Em declarações separadas no final de 2016, o mandatário e o primeiro-ministro, Aleksandar Vucic, disseram que proclamariam a candidatura da coalizão dirigente (nove forças políticas) em razão do Dia Nacional (15 de fevereiro), com a qual poderiam ser convocadas as eleições.

Nos momentos daquelas participações públicas, avaliava-se uma tendência à reeleição de Nikolic, diante de algumas pesquisas de opinião que o deram como vencedor seguro em um primeiro turno.

Porém, posições diferentes dentro da coalizão que poderiam derivar em uma eventual ruptura, parecem estar inclinando a balança em prol de Vucic, líder do principal partido do governo, o Progressista Sérvio (SNS, siglas em sérvio), fundado pelo atual mandatário.

Alguns meios asseguram que na cúpula no poder há acordo a este respeito, aceitado por Nikolic, e tudo ficará claro entre o feriado nacional de depois de amanhã e o início de março.

Qualquer que seja a decisão no seio da coalizão, o que todos os observadores dão por estabelecido é que nenhum dos opositores ao SNS e seus aliados tem a menor possibilidade de vencer as eleições. Nisto desempenha um papel importante o desacordo dessas forças políticas para promover um candidato único que poderia prejudicar a maioria da coalizão no governo e no parlamento. Entre os que anunciaram sua decisão de candidatura, dois se destacam como os únicos capazes de se contrapor ao SNS, Vuk Jeremic (1975) e Sasa Jankovic (1970), ambos sem filiação política atualmente.

O primeiro, com vários títulos universitários nos Estados Unidos e no Reino Unido, foi ministro de Assuntos Exteriores (2007-2102), presidente da Assembleia Geral da ONU (2012) e candidato a secretário geral em 2017.

Jankovic, advogado e jornalista, ficou à frente durante 10 anos, até o dia 7 de fevereiro, do órgão estatal independente Defensor do Povo.