Estivadores em pé de guerra: Greve ameaça paralisar portos da Espanha

Os estivadores da Espanha convocaram greves para os dias 20, 22 e 24, em defesa dos postos de trabalho e contra a liberalização trabalhal no setor.

Trabalhadores do porto de Gijón, em greve

O governo conservador prepara uma reforma dos portos que atinge duramente os direitos adquiridos dos mais de seis mil estivadores que trabalham atualmente nos 46 portos da Espanha.

A Coordenadora dos trabalhadores do Mar, que reúne representantes das centrais CCOO, UGT CIG e CGT, contesta as alterações anunciadas pelo Ministério do Fomento, alertando que os salários serão reduzidos e haverá demissões em massa.

A reforma permitiria às empresas substituir até 75 por cento dos atuais efetivos durante os próximos três anos.

Para os sindicatos trata-se na realidade de uma "demissão coletiva encapotada e paga com dinheiro público", já que as empresas terão inteira liberdade para despedir os atuais trabalhadores e contam com fundos públicos para pagar indenizações.

Liberalização é mais exploração

Madri desculpa-se com as imposições da União Europeia que exige a alteração das regras na contratação de trabalhadores portuários.

Com efeito, o Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) condenou a Espanha, em finais de 2014, por restrições à concorrência no setor portuário, impondo uma multa diária de cerca de 28 mil euros até o governo concretizar a liberalização.

Segundo o ministro do Fomento, Ínigo de la Serna, o Estado já pagou mais de 21 milhões de euros nos últimos anos e a coima poderá ser agravada para 134 mil euros diários, em caso de uma nova condenação no Tribunal de Justiça da UE.

"Não é o governo que decide o alcance da reforma, mas sim a Comissão Europeia", disse o titular, acrescentando que "temos as mãos e os pés atados".

Atualmente, os trabalhadores estão vinculados à Sociedade Anônima de Gestão de Estivadores Portuários (Sagep), à qual, através das suas dependências em cada porto, as empresas recorrem para assegurar o trabalho de estiva.