Temer paga 65 mil para youtubers defenderem Reforma do Ensino Médio
Em meio à recessão e desemprego, Temer gasta milhões em verbas publicitárias. Tentando ganhar a opinião da juventude, o governo pagou R$ 65 mil para os youtubers Lukas Marques e Daniel Molo gravarem um vídeo fazendo a defesa da Reforma do Ensino Médio, sancionada no Senado no dia 8 de fevereiro. O vídeo “Tudo que você precisa saber sobre o ensino médio”, já conta com mais de 1 milhão e 600 mil visualisações.
Por Laís Gouveia
Publicado 17/02/2017 12:17
Tentando transparecer espontaneidade e não fazendo crítica alguma ao projeto durante os 7 minutos de vídeo, os youtubers passam a sensação de que defendem a Reforma por livre e espontânea vontade, ocultando dos internautas a informação do montante recebido do governo federal. “Essas mudanças são realmente muito boas! Eu, por exemplo, queria fazer engenharia e tinha que saber sobre química, coisas de células, plantas”, argumenta Daniel Molo.
Em declaração ao jornal Folha de S. Paulo, Molo diz que já pensava em fazer um vídeo a respeito do ensino médio, quando surgiu a oferta do governo. “Decidimos aceitar e recebemos uma coxinha e um refrigerante em troca”, disse o youtuber, não entrando no mérito dos R$ 65 mil pagos para a execução do vídeo.
Para a presidenta da união Brasileira dos Estudantes Secundaristas, (Ubes) Camila Lanes, o governo federal sabe que a Reforma do Ensino Médio não terá vida prática dentro das escolas. “Então, para isso, o MEC precisa pagar pessoas para conseguir convencer a população dessa medida. Algumas pessoas preferem se vender por dinheiro do que mostrar quais serão os reais impactos desse novo modelo de ensino médio, lamentável”, considera Camila
Camila, que participou com outros milhares de estudantes das ocupações de escolas contra a Reforma do Ensino Médio, no fim de 2016, explica que existe algo mais valioso que mundo virtual. “O Temer pode usar de todas as forças das redes sociais, mas a luta se faz na rua”, conclui.
Gastos com verbas publicitárias duplicam com Temer
Em três meses, o Ministério da Educação (MEC) gastou a quantia de R$ 13 milhões com verbas publicitárias, no momento em que o Fies está sendo esvaziado e as universidades federais estão sofrendo cortes de 40% no seu orçamento.
Youtubers são criticados
Após a divulgação da matéria na Folha sobre o pagamento aos youtubers, internautas foram na página do vídeo para criticar o que chamaram de “oportunismo”.
Veja abaixo algumas críticas:
“Parabéns pelos R$ 65.000,00 que o MEC pagou para vocês fazerem o nosso país cada vez mais ignorante, avante Brasil, o país do futuro”
“R$ 65.000 para falar só do lado positivo da reforma, parabéns”
“Bando de vendido, fazendo propaganda para o governo corrupto do minimordomo do Drácula, tenham a decência de revelar que esse vídeo foi pago”
“Devolve meus 65 mil”
“Vendido! Esse vídeo foi pago para ser feito pelo governo Michel Temer. Perderam um inscrito”
“O governo tá pagando pra vocês falarem isso ou o que? Quem tem consciência do que está acontecendo sabe muito bem que a reforma não é boa”