Em três dias Equador vai anunciar se haverá 2º turnos nas eleições

A expectativa para saber se haverá um segundo turno nas eleições presidenciais, ou se o candidato apoiado por Rafael Correa, Lenín Moreno, vencerá na primeira volta é grande. Com 88,5% das urnas apuradas o resultado é apertado e, segundo o presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Juan Pablo Pozo, agora a contagem será “voto a voto”, no sentido de que cada um poderá mudar totalmente o resultado final.

Conselho Nacional Eleitoral do Equador - Divulgação / CNE

Para vencer no primeiro turno, no Equador, é necessário ter mais de 40% dos votos válidos e uma diferença de 10 pontos percentuais do segundo opositor mais votado. A apuração começou já na tarde deste domingo (19) logo que as urnas foram fechadas e o último resultado apresentado há poucas horas pelo CNE mostram vantagem para o representante da Aliança País, Lenín Moreno sobre o principal opositor, Guillermo Lasso, do Creo.

O último resultado informado pelo CNE, com 88,5% das urnas já abertas, mostra Lenín em primeiro lugar, com 39,12% dos votos, em segundo está Lasso, com 28,3% e em terceiro Cynthia Viteri (Partido Social Cristão), com 16,31%. Mais de 12 milhões de equatorianos foram às urnas neste domingo e cerca de 18% se abstiveram de votar.

Em coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira (20), Pozo anunciou que agora o CNE começa a fase mais difícil da contagem de votos pois são as urnas localizadas nas áreas mais remotas. Por conta disso, o resultado final deve ser revelado em até 3 dias e o comunicado oficial será feito dentro de uma semana.

A oposição, encabeçada por Lasso e Viteri acusa o sistema eleitoral de cometer fraudes. Para rebater as acusações, o presidente da maior autoridade eleitoral do país, o CNE, convocou uma coletiva. Durante a entrevista ele explicou com detalhes todos os procedimentos de votação e, com transparência, prestou contas do processo. Observadores internacionais de diversos órgãos, entre eles a Unasul, participaram da fiscalização das eleições.


Lenín Moreno, Cynthia Viteri e Guillermo Lasso 


Para o economista espanhol, Alfredo Serrano Mancilla, que é especialista em política internacional e acompanhou cada passo das eleições do Equador, “acusar de fraude o sistema eleitoral é o golpismo do século 21”. Ele cita que o mesmo aconteceu em eleições parlamentares na Argentina e na Venezuela e também no Brasil em 2014, na disputa entre Dilma Rousseff e Aécio Neves.

“Como poderia ser presidente alguém que sequer respeita as instituições do país que quer governar?”, questionou Mancilla sobre o comportamento de Lasso.

Se a disputa é levada ao segundo turno, as chances do banqueiro do Creo virar o jogo são grandes, afinal, a terceira colocada, Cynthia Viteri, tem um programa de governo bastante parecido. Ambos defendem a isenção total de impostos, a redução do Estado e o fortalecimento do mercado. “Nunca existiram dois candidatos opositores, se não um binômio Lasso Viteri”, alerta Mancilla.

O presidente do país, Rafael Correa, também se pronunciou sobre o caso em seu Twitter. Segundo ele, a direita apostou no voto útil e, de última hora, deixou Viteri de lado para concentrar forças em Lasso. A própria candidata chegou a demonstrar apoio, neste domingo, ao seu opositor.

Em entrevista à Telesur nesta manhã, Lenín comentou o resultado das eleições confiante: “Precisamos reconhecer que temos mais de um milhão de votos na frente do candidato Lasso, isso vai custar muito”.