Luciana Santos: 85 anos de voto feminino na perspectiva da resistência
Resistência foi o mote para as declarações da presidenta do Partido Comunista do Brasil, a deputada federal Luciana Santos (PCdoB-PE), ao comentar os 85 anos do voto feminino no Brasil, comemorados nesta sexta-feira (24). “Nós vivemos uma onda conservadora que ocorre no mundo e no Brasil não tem sido diferente. Em momentos como esse, a luta contra a opressão de maneira geral e contra a opressão de gênero ganham contornos de muita resistência”, declarou ao portal Vermelho Luciana.
Publicado 24/02/2017 18:49
No dia 24 de fevereiro de 1932 as mulheres conquistaram o direito de votar no Brasil, resultado de intensa campanha nacional. No entanto, havia restrições e só podiam escolher os governantes mulheres casadas, com autorização dos maridos, viúvas e solteiras. Estas deveriam viver de seus próprios rendimentos. Dois anos depois o direito foi ampliado a todas as mulheres e a partir de 1964 o voto feminino passou a ser obrigatório.
Luciana apontou que no Brasil pós-golpe os direitos das mulheres sofrem sérias ameaças e restrições. Ela citou a reforma da Previdência de Michel Temer que “trata situação desigual entre homens e mulheres de forma igual”. Ainda de acordo com a deputada, “a onda conservadora atinge em cheio a condição feminina”.
“Não é à toa que nos EUA manifestações gigantes acontecem contra as medidas de Trump. No Brasil, que se deu a conquista básica do direito ao voto, portanto, do direito das mulheres de escolherem os representantes que vão tomar decisões sobre os rumos do país, nós vivemos sob essa ameaça pelos mesmos motivos de outros países do mundo, por conta da natureza do governo ilegítimo de Temer, que tenta impor derrota às conquistas”, afirmou Luciana (foto).
A família brasileira e a concepção de que a mulher é cidadã de segunda classe, argumentos usados em 1891, quando as brasileiras iniciaram a luta pelo voto, ganharam força no governo de Michel Temer e aliados.
“Seja por essa data de 85 anos do direito ao voto, seja pela proximidade do 8 de Março, o PCdoB, juntos com as demais entidades dos movimentos sociais, vamos somar aos atos políticos que advirão para que a gente possa garantir um amplo movimento de resistência para barrar o retrocesso”, convocou a dirigente.
Segundo país da América Latina a conquistar o direito ao voto feminino, o Brasil vê atualmente as mulheres serem maioria no eleitorado. Em 2014 elas representavam 52,13% do total de 142.822.046 eleitores. Em 2015, sob o governo da primeira mulher eleita presidente do Brasil, Dilma Rousseff, o 24 de fevereiro foi incorporado ao calendário oficial do governo federal.