Hélio Leitão: “Preocupação com minorias não é causa; é cidadania”

O caso Dandara chocou a sociedade e a opinião pública. Brutamente assassinada, a travesti deu voz a milhares de pessoas que sofrem transfobia, sentem de perto o preconceito e se importam com a garantia dos direitos. Em entrevista ao caderno cearense do Portal Vermelho, o advogado Hélio Leitão confirmou que aceitou defender a família no processo e garante que sua atuação ultrapassa a questão do Direito. “Esperamos que este caso ajude a avançar na promoção e proteção das minorias”.

Hélio Leitão

Hélio Leitão aceitou o convite da família para advogar em defesa de Dandara. “Já estamos acompanhando as investigações e contribuindo para que tudo seja esclarecido e os culpados punidos”, ratifica. Nesta semana, Leitão já contactou com o delegado Bruno Lopes e o promotor de Justiça Marcos Renan, que acompanham o andamento do caso.

Segundo o ex-secretário da Justiça e Cidadania do Estado, a morte de Dandara é “emblemática, não só pela brutalidade, barbárie e gratuidade, como por sua motivação transfóbica”. “Exigimos apuração e punição exemplares para que outros absurdos como este não aconteçam. O caso Dandara nos convida à reflexão sobre como a sociedade tem lidado com os direitos das minorias. Devemos transformar toda esta estupefação em discussão e fazer disso ferramenta para avançar institucionalmente e garantir mais políticas públicas para o povo LGBT”, defende.

Apesar de considerar que a resposta do Estado ter sido dada com rapidez, com a prisão de quatro suspeitos de envolvimento no crime, Leitão avalia que violências sofridas por gays e lésbicas têm sido rotineiras. “E é isto que queremos combater. Nosso intuito é que a vida e morte de Dandara representem avanços para esta população. Ter preocupação com as minorias não é uma causa, mas um ato de cidadania. Lutaremos para dar respostas à família, à sociedade e exigiremos o avanço de promoção e proteção das minorias”, ratifica.

Entenda o caso

Dandara dos Santos, 42 anos, foi torturada e assassinada no dia 15 de fevereiro, no bairro Bom Jardim, periferia de Fortaleza, e sua morte foi anunciada dias depois, em vídeo publicado nas redes sociais. Nele, quatro homens agridem a travesti com chinelos, chutes, tapas e até uma tábua de madeira. Em seguida, desacordada, foi carregada num carrinho de mão.

Quatro suspeitos de envolvimento com o crime já foram indentificados e presos.

Mais sobre Hélio Leitão

Advogado militante formado pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e pós-graduação em Processo Penal e Mestre em Direito Constitucional pela Universidade de Fortaleza. Dr. Hélio Leitão é professor universitário, foi presidente por dois mandatos consecutivos da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Ceará, respondeu pela Assessoria de Assuntos Internacionais do Governo do Estado do Ceará, na gestão do governador Cid Ferreira Gomes e, recentemente, pela Secretaria da Justiça e Cidadania, no governo de Camilo Santana.