Usuários apoiam greve do metrô de SP contra reforma da Previdência

Referência no transporte público, o metrô de São Pauto registrou nesta quarta-feira (15) 90% de adesão dos trabalhadores às manifestações nacionais contra a reforma da Previdência Social de Michel Temer. Aplausos, palavras de incentivo dos usuários foram comuns nas estações. Ônibus municipais pararam na madrugada e voltaram a rodar as 8h. O objetivo dos atos é chamar atenção do cidadão comum para os prejuízos que virão com a reforma de Temer.  

Por Railídia Carvalho  

Greve metrô contra reforma da previdencia

Além dos metroviários de São Paulo, trabalhadores do segmento em Belo Horizonte (que também paralisou), Recife e Porto Alegre realizaram protestos na manhã desta quarta. Na capital gaúcha, os trabalhadores liberam as catracas na principal estação, que é a do Mercado.

 
“A avaliação é muito positiva. A maioria absoluta dos trabalhadores da segurança, operação e manutenção aderiram ao movimento. A estação pode estar aberta mas não tem funcionários da estação. Tem pessoas de cargos de confiança e supervisores operando o que consideramos um risco já que essas pessoas não tem experiência para operar”, declarou Wagner Fajardo, da diretoria do sindicato dos metroviários de São Paulo.
 
Segundo Wagner, a simpatia dos usuários ao movimento foi sentida nesta terça-feira (14) durante a distribuição de uma carta aberta aos passageiros sobre os prejuízos que a reforma da Previdência trará ao trabalhador e à população em geral. A greve dos metroviários se encerra à meia-noite para os trabalhos de manutenção e operação serem realizados e o metrô entrar em funcionamento as 4h30..
 
“Hoje (quarta) assim como ontem (terça) a maioria da população aplaudiu, houve momentos em que a concentração de pessoas na frente das estações era muito positiva, de respaldo e de apoio à nossa greve porque está todo mundo muito chocado e indignado com a proposta de Temer”.
 
Transportes unificados
 
Wagner ressaltou a participação dos condutores na adesão e repercussão da greve como determinante para o sucesso do movimento de ambas as categorias. O presidente do Sindicato dos Motoristas e Condutores de São Paulo, Noventa, foi um dos articuladores da paralisação nas garagens da zona norte da cidade.
 
“Ou combatemos esse massacre que querem fazer com os direitos dos trabalhadores ou vamos morrer trabalhando. É nossa obrigação impedir que aconteça o golpe contra o nosso emprego e nossos direitos”, enfatizou Noventa.
 
A vitória do movimento obrigou os principais meios de comunicação de São Paulo a reorientar o conteúdo das notícias, que iniciaram a manhã destacando o prejuízo para a população. “Eu vi agora a Globo, o SPTV, e eles não conseguiram esconder o apoio da população ao movimento. Não sei qual é a da Globo com essa postura mas o fato é que o movimento foi vitorioso”, observou Wagner.
 
Paralisação estratégica
 
A importância estratégica da paralisação dos metroviários de São Paulo nos movimentos do Brasil pesou na hora de bancar a greve de 24h mesmo diante da liminar obtida pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). 
 
“Discutimos durante um mês como participaríamos do dia 15. Sabemos do papel estratégico na cidade de São Paulo e que esse papel estimula outras categorias a participarem. Sabemos da responsabilidade que nos cabe”, acrescentou Wagner.
 
Ele disse que em todas as paralisações do sindicato há uma liminar. “Estamos acostumados mas se obedecermos a liminar não exercemos o nosso direito de fazer a greve. O que vai acontecer é que o tribunal vai julgar a nossa greve e vai reafirmar ou não a liminar e vai reafirmar ou não essa multa”.
 
Fim da aposentadoria
 
Wagner declarou que trabalhadores e diretores do sindicato estão nas estações nos comitês de esclarecimento à população e ao trabalhador. Segundo ele, a grande maioria dos trabalhadores não veio trabalhar acatando a decisão da paralisação. Alguns que chegaram para o trabalho concordaram em retornar para casa.
 
“Um dos aspectos mais perversos dessa reforma da Previdência é exatamente a impossibilidade de o trabalhador obter a sua aposentadoria porque a regra de idade e de tempo de contribuição inviabiliza esse direito. É uma iniciativa que discrimina as mulheres e desconsidera, por exemplo, a realidade do trabalhador do campo”, finalizou Wagner.