Trabalhadores da EBC denunciam censura e sinalizam  greve no dia 28

Jornalistas e radialistas da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) decidiram em assembleia realizada na última sexta-feira (31) que a categoria se manterá em estado de greve. Também sinalizam que os trabalhadores da emissora poderão se unir à greve geral organizada pelas centrais do país contra as reformas da Previdência Social e trabalhista. Participaram da assembleia trabalhadores da EBC de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Maranhão. Eles denunciam a prática de censura na emissora.

EBC em Luta - EBC em Luta

De acordo com a Carta Aberta divulgada pelos trabalhadores da emissora, a direção da EBC assumiu uma postura editorial “que limita o direito à informação do cidadão brasileiro” que assiste pela emissora a cobertura das manifestações contra as reformas do governo de Michel Temer.

“Temos enfrentado, de forma cotidiana e generalizada, ingerência no trabalho jornalístico. Um exemplo simbólico aconteceu no dia 15 de março, Dia Nacional de Paralisações contra a reforma da Previdência e trabalhista, no qual, diferente da tradição estabelecida na EBC, os jornalistas receberam a ordem de focar sua cobertura nas consequências sobre o trânsito”, denuncia trecho da carta.

Censura, proibições no uso de imagens, assédio e demissões. É o quadro relatado pelos profissionais que atuam na EBC. A carta reafirma que o objetivo de tais práticas é esconder do público as manifestações contra o governo Temer.

Segundo o movimento em defesa da empresa pública de comunicação, o desmonte da EBC se deu para que o governo Temer tivesse ingerência sobre a empresa. A aprovação em fevereiro da Medida Provisória 744/16 extinguiu o Conselho Curador da EBC e o mandato de diretor-presidente da empresa, que passa a ser de livre nomeação pelo presidente da República. O Conselho Curador zelava pelos princípios e pela autonomia da EBC, impedido ingerência indevida do governo e do mercado.

“Nesta assembleia, em que os radialistas e jornalistas reafirmam sua posição contrária à retirada de direitos por parte do governo federal e indicam a participação na Greve Geral, também vimos a público dizer que temos a disposição de enfrentar a censura dentro da EBC e exercer plenamente a liberdade de imprensa dentro da comunicação pública”, conclui a carta.

Confira na íntegra a Carta Aberta dos trabalhadores da EBC:

A assembleia nacional dos trabalhadores da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) vem a público denunciar a prática de censura interna nos veículos da empresa.

Temos enfrentado, de forma cotidiana e generalizada, ingerência no trabalho jornalístico. Um exemplo simbólico aconteceu no dia 15 de março, Dia Nacional de Paralisações contra a reforma da Previdência e trabalhista, no qual, diferente da tradição estabelecida na EBC, os jornalistas receberam a ordem de focar sua cobertura nas consequências sobre o trânsito. É a linha adotada na cobertura de outras manifestações dos movimentos sociais, o que limita o direito à informação do cidadão brasileiro.

A nova prática de censura dentro da EBC envolve o assédio a jornalistas e radialistas, proibição aos cinegrafistas e editores de imagem de usar determinadas imagens, e chegou inclusive a envolver demissão. São vários os casos denunciados à Comissão de Empregados e aos Sindicatos nos últimos meses.

Sabemos que tudo isso tem um motivo político principal, o de impedir a cobertura de manifestações da sociedade contrárias ao governo, dessa forma desrespeitando a própria razão de ser da EBC, expressa na sua criação, com o princípio de “autonomia em relação ao governo federal para definir produção, programação e distribuição de conteúdo no sistema público de radiodifusão”. Este fato tem relação com a Medida Provisória (MP) do governo Temer que retirou dispositivos que garantiam esta autonomia.

Nesta assembleia, em que os radialistas e jornalistas reafirmam sua posição contrária à retirada de direitos por parte do governo federal e indicam a participação na Greve Geral, também vimos a público dizer que temos a disposição de enfrentar a censura dentro da EBC e exercer plenamente a liberdade de imprensa dentro da comunicação pública.