Frente Brasil Popular promete 30 mil em Curitiba em apoio a Lula

O movimento social e sindical realizará a partir desta terça-feira (9) em Curitiba uma programação política e cultural em defesa dos direitos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na quarta-feira (10), Lula prestará depoimento ao juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos em primeira instância da Operação Lava Jato.

Por Railídia Carvalho  

Lula nos braços do povo - Ricardo Stuckert

Vigílias, aulas públicas, assembleias e conferências fazem parte da programação, que deve se iniciar às 10h da manhã desta terça e prosseguirá até as 18h de quarta-feira.

O depoimento de Lula está programado para as 14h. A previsão da organização é que Lula participe do ato político de encerramento.

O depoimento do ex-presidente em Curitiba sobre o caso do tríplex no Guarujá deveria ter ocorrido no dia 3 de maio; no entanto, o juiz Moro alegou na ocasião que não havia condições de segurança para a realização do depoimento. 
A prefeitura da capital paranaense obteve nesta segunda-feira (8) decisão da Justiça que restringe a concretização da programação realizada pela Frente Brasil Popular e movimentos que atuam na frente solidária ao ex-presidente. O planejado era a montagem de um acampamento.
A Defensoria Pública do Paraná recorreu da decisão da juíza Diele Denardin Zydek, da 5ª Vara de Fazenda Pública. Alegando que a coletividade deve ter assegurado o direito de ir e vir, a Defensoria apresentou um habeas corpus à Justiça. Até o fechamento desta matéria não havia resposta sobre o habeas corpus.

Matéria publicada no portal da Central Única dos Trabalhadores (CUT) lembrou que a juíza Diele festejou em conta pessoal no Facebook a condução coercitiva de Lula, ordenada por Sergio Moro em março de 2016. A juiza teria escrito: “E hoje a casa caiu para o Lula…”, completando a frase com figuras de aplausos.
 

Denunciar manipulação
André Tokarski, secretário nacional de Movimentos Sociais do PCdoB, afirmou que a expectativa da Frente Brasil Popular é reunir 30 mil pessoas em Curitiba. “Diferente do que foi abordado no vídeo do juiz Sérgio Moro, o que se espera é uma manifestação pacífica que denuncie as tentativas de manipulação e politização do julgamento e que preste solidariedade ao ex-presidente.”
O dirigente afirmou que não se trata de uma absolvição sumária de Lula, mas de garantir o direito dele a um julgamento justo. “Sergio Moro já demonstrou que não tem condições de ser juiz de qualquer ação que se relacione com Lula”, enfatizou.
Estado de direito
O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e integrante da Frente Brasil Popular, Guilherme Boulos afirmou:“Investigação deve ocorrer, linchamento não pode acontecer”.
 
“O que está em jogo é não aceitar medidas de exceção e que uma investigação que se coloque contra a corrupção e que é necessária não descambe para uma perseguição política”, opinou Boulos.
 
Nivaldo Santana, vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) estará em Curitiba representando a central. Ele afirmou que a medida judicial acolhida contra o acampamento dos movimentos sociais “é consequência das graves limitações democráticas que o país vive”.
“As entidades que vão participar do ato em Curitiba pretendem exercer a liberdade de manifestação de forma pacífica e é preciso ter os espaços assegurados para isso. A decisão da justiça é uma limitação preocupante desse direito e é por isso que temos que procurar recorrer desse tipo de postura.”
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), Alberto Broch, chamou de massacre político o processo contra o presidente Lula. 
“Show”

“As questões mostram quase um estado de exceção. Isso não é factível em uma democracia. Por outro lado nos preocupa que setores da imprensa brasileira, que apoia outro projeto, ficam instigando violência”, observou Broch (foto).

Denis Denilton, presidente da União de Negros pela Igualdade de Curitiba (Unegro-PR), afirmou que a Unegro estará sempre solidária em atos em defesa dos direitos humanos. De acordo com ele, está se fazendo política manipulando o ordenamento jurídico.
“Esse show, a pirotecnica da Operação Lava Jato não é bom para o caráter investigativo e nem para garantir a demanda da democracia”, completou.