Cardozo: Dilma nunca recebeu informação antecipada sobre a Lava Jato

O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo contrariou a delação de Mônica Moura, esposa de João Santana, sobre Dilma Rousseff ter recebido e vazado para o casal informações sobre a Operação Acarajé, da Lava Jato.

Cardozo AGU

Segundo delação de Mônica Moura, no dia 21 de fevereiro, Dilma teria feito uma ligação para Santana, que estava na República Dominicana, informando que existia um mandado de prisão em posse da Polícia Federal. De acordo com Mônica, a então presidente esclareceu que não poderia fazer nada sobre esse assunto.

Além disso, a delatora afirmou que dias antes, em 19 de fevereiro, Dilma teria se comunicado através do rascunho de uma conta do Gmail, no mesmo sentido.

Como prova de que os contatos existiram, Mônica entregou um rascunho de e-mail, do dia 22 de fevereiro – dia em que a operação foi deflagrada no Brasil – avisando que estaria retornando e não gostaria de ver "espetáculo". Não há provas de que Dilma respondia essas mensagens.

"Dilma Rousseff apenas foi cientificada desta determinação no momento em que estava sendo consumada, sendo absolutamente inverossímil que pudesse repassá-la, a quem quer que seja, dias antes da consumação desse fato", disse Cardozo.

De acordo com ele, Dilma "nunca interferiu ou solicitou a qualquer órgão do Ministério da Justiça a obtenção ilegal de informações sigilosas ou a interferência em qualquer ato de investigação, inclusive no que concerne a documentos obtidos por força de acordos de cooperação internacional", acrescentou.

Abaixo, a nota completa.

Tendo em vista o teor das delações feitas por João Santana e Monica Moura, e a análises equivocadas feitas em relação aos esclarecimentos que reiteradamente já prestei aos órgãos de imprensa, volto a esclarecer, agora por meio de nota, para que não paire qualquer dúvida, que:

1. A presidenta Dilma Rousseff nunca recebeu de mim ou de qualquer órgão do Ministério da Justiça, quaisquer informações sobre investigações em curso que não tivessem sido oficialmente transmitidas pelas autoridades competentes (PF, MPF ou Poder Judiciário), e em total compatibilidade com a lei.

2. No caso da prisão de João Santana e Monica Moura, o procedimento adotado seguiu rigorosamente os padrões estabelecidos. Quando da deflagração da operação, ou seja, no momento em que seria efetuada a prisão, como de praxe e de acordo com a regras estabelecidas, na condição de Ministro de Estado da Justiça, recebi da Direção da PF a informação sobre a operação que estava sendo deflagrada e a repassei imediatamente à senhora presidenta da República.

3. Desse modo, afirmo que apesar de todos os rumores e informações motivados por matérias publicadas na imprensa, de que seria iminente a prisão dos publicitários João Santana e Monica Moura, a presidenta Dilma Rousseff apenas foi cientificada desta determinação no momento em que estava sendo consumada, sendo absolutamente inverossímil que pudesse repassá-la, a quem quer que seja, dias antes da consumação desse fato.

4. Finalmente, afirmo que a presidenta Dilma Rousseff nunca interferiu ou solicitou a qualquer órgão do Ministério da Justiça a obtenção ilegal de informações sigilosas ou a interferência em qualquer ato de investigação, inclusive no que concerne a documentos obtidos por força de acordos de cooperação internacional.