Centrais: Suspender reformas feitas por um governo sem legitimidade

Em nota com o título "Por eleições democráticas e contra as propostas de reformas trabalhista e previdenciária", divulgada nesta quinta-feira (18), as principais centrais de trabalhadores do Brasil exigem que sejam retiradas da pauta do Congresso Nacional as reformas trabalhista e da previdência. 

Centrais na Paulista dia 22 de setembro - Railidia Carvalho

As centrais também afirmam que as constantes denúncias envolvendo as instituições republicanas mostram que “falta legitimidade social e política ao governo”. Segundo as entidades, as reformas penalizam o trabalhador.

“Qualquer solução democrática para a crise política e econômica nesta conjuntura passa pela construção de um amplo e democrático acordo nacional visando à defesa de nossa democracia e à construção de um novo projeto de desenvolvimento nacional”, finalizam as centrais.

A nota é assinada pela Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Força Sindical, Central de Sindicatos Brasileiros (CSB), Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST) e União Geral dos Trabalhadores (UGT).
Confira a nota na íntegra:
 
NOTA OFICIAL DAS CENTRAIS – POR ELEIÇÕES DEMOCRÁTICAS E CONTRA AS PROPOSTAS DE REFORMAS TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA

Diante do aprofundamento da crise política após as graves revelações contidas nas delações envolvendo o presidente Temer e outros políticos de expressão nacional, as Centrais Sindicais alinham-se à cidadania democrática para exigir a apuração rigorosa de todas as denúncias de corrupção e desmandos que vêm paralisando o País, criando insegurança e impactando negativamente a economia nacional, que se manifesta na forma da recessão e no crescente e alarmante índice de desemprego que assola milhões de famílias de trabalhadores.
 
Os trabalhadores exigem o estrito cumprimento do rito constitucional e a revalorização do estado de direito como a via para a devida apuração destas e das demais denúncias e acusações que, cada dia mais, pesam sobre o mundo da política e da administração pública. Desta forma, recusamos e combateremos qualquer iniciativa de promover medidas que afrontem nossa Constituição democrática e cidadã como alternativa à grave crise política à qual o País vem sendo submetido.
 
O permanente esgarçamento das instituições republicanas, ocasionado pelas denúncias e acusações de corrupção, nos leva a considerar que falta legitimidade política e social ao governo para, num momento de grave crise institucional, política, econômica e social como a que estamos vivenciando, querer jogar sobre as costas dos trabalhadores e da parcela mais humilde da sociedade o custo do ajuste econômico representado pelas propostas de reformas trabalhista e previdenciária que tramitam no Congresso Nacional, às quais exigimos que sejam imediatamente retiradas da pauta da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. É importante que este debate sobre as propostas de reformas aconteça de forma ampla, envolvendo as representações dos trabalhadores e a sociedade civil.
 
Qualquer solução democrática para a crise política e econômica nesta conjuntura passa pela construção de um amplo e democrático acordo nacional visando à defesa de nossa democracia e à construção de um novo projeto de desenvolvimento nacional, tarefa que deve mobilizar a sociedade civil e suas mais importantes representações, os partidos políticos, as centrais sindicais e as demais organizações dos trabalhadores e representações patronais. Passa, ainda, pela reconstrução da legitimidade das instituições políticas da República, o que, no caso do Governo Federal e do Congresso Nacional, passa por realizar, no mais curto espaço de tempo exigido pela Constituição, eleições gerais e democráticas.
 
No dia 24 próximo as Centrais Sindicais estarão em Brasília, com a Marcha Nacional dos Trabalhadores, reafirmando  todo o nosso repúdio às propostas de reformas trabalhista e previdenciária e, ao mesmo tempo, buscando soluções democráticas para o atual momento político pelo qual o País atravessa.
 
Antonio Neto
Presidente da CSB – Central dos Sindicatos Brasileiros
 
Adílson Araújo
Presidente da CTB – Central dos Trabalhadores Brasileiros
 
Paulo Pereira da Silva – Paulinho da Força
Presidente da Força Sindical
 
José Calixto
Presidente da NCST – Nova Central Sindical dos Trabalhadores
 
Ricardo Patah
UGT – União Geral de Trabalhadores