Walter Sorrentino: A saída para o país é a frente ampla e povo na rua
Em Fortaleza para lançar na capital cearense o livro “Anos que vivemos em perigo – A Crise Brasileira”, o vice-presidente nacional do PCdoB, Walter Sorrentino, também debateu sobre os recentes acontecimentos dos temas nacionais, apresentou o ponto de vista do Partido e defendeu: “A única saída para o país é uma frente ampla e o povo nas ruas, na luta por Diretas Já”.
Publicado 19/05/2017 22:58
Por iniciativa da Fundação Maurício Grabois, com o apoio da Prefeitura de Fortaleza, através da Secretaria Municipal de Cultura, o lançamento do livro realizado na noite desta sexta-feira (19), reuniu comunistas, sociedade civil, parlamentares, juventude e representantes de diversas frentes dos movimentos sociais. Em comum a tanta diversidade, a preocupação com os rumos do país diante dos recentes acontecimentos que colocam em risco o governo golpista de Michel Temer e a própria democracia.
Sorrentino externou a satisfação de vir ao Ceará e encontrar a militância comunista sempre mobilizada e atuante. “Esta turma é de luta e consciente. Sempre que venho aqui, tenho a chance de conviver com esse pessoal honrado e de tradição, que ajudam a construir o PCdoB”, enaltece.
Sobre o livro, o autor ratifica ser a compilação de textos sobre a conjuntura política do país, com recorte de 2015 a 2016, publicada no Blog Projetos para o Brasil. “O material foi escrito ainda no calor dos acontecimentos. Já em 2015 advertia que estava em curso um conjunto de fatores que não eram triviais e que deveriam ser estudados. Tratava-se de peças para um Golpe travestido de aparentes normas constitucionais somado a uma crise econômica e a conjunto de impasses múltiplos que dificultavam saídas, agravadas pelo Impeachment”.
Para Sorrentino, todo este caminho desemboca neste momento de crise profunda. “Minha intenção desde o blog, e que continua até hoje, é entender como chegamos a esta situação, já que há poucos anos os brasileiros sentiam grande orgulho nacional e, em poucos anos, desmoronou tudo”.
Em sua intervenção, o vice-presidente nacional do PCdoB diz que falar do livro é falar sobre o atual cenário político, com as recentes denúncias feitas pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, envolvendo o presidente Michel Temer (PMDB), que estarreceram o país e implodiram o governo golpista. “Neste momento, começo pelo fim. Vivemos uma situação de impasse e sem saída previsível. O que sabemos é que o Governo Temer acabou. Ele já não tem mais condição nem de tocar sua agenda de reformas, nem de se manter no poder. E neste cenário, as forças progressistas devem assumir uma grande responsabilidade”, considera.
Diante desta crise de Estado, política e institucional, agravadas com a econômica, o país anseia uma saída. “Há as chances de renúncia, cassação da chapa Dilma-Temer, afastamento por ação penal ou impeachment. Uma situação excepcional exige uma saída excepcional. Neste caso, o processo menos danoso e que garanta a manutenção da democracia no país é a convocação de eleições Diretas. É preciso que o povo tome nas mãos o poder que é seu, retome as rédeas dos seus direitos usurpados desde o afastamento de Dilma e decida os rumos do país”, defende.
Segundo Sorrentino, para entender os desdobramentos do que poderá vir, é preciso entender o caráter dessas denúncias, quem está por trás delas e o que eles pretendem. “Antes existia um consórcio envolvendo setores da mídia, judiciário, partidos de direita, dentre outros setores, que atuava com grande unidade entre si para derrubar Dilma, mas agora estão divididos, em disputa quanto aos resultados que estão em curso. O mais ameaçador é que, nesta disputa, o que está em risco é o Estado Democrático de Direito, com exemplos de completa violação da norma democrática”, considera.
Para o comunista, com o impeachment de Dilma, o que este consórcio quer implantar é um novo ciclo conservador e neoliberal no Brasil, de natureza autoritária. “Cada vez mais precisamos refletir sobre estas saídas. O Golpe só agravou a crise política e não terá solução até que o poder volte para as mãos de quem o tem. Só o povo tem legitimamente para decidir”, ratifica.
Diante deste confronto político e ideológico com agudizaação pós-eleitoral, Sorrentino considera que a Direita, neste momento, ganha vantagem. “Esta é uma tendência que observamos no mundo, de dizer não pelo caminho da Direita. Mas cabe a nós esta grande missão. O Brasil precisa de consciência, combatividade e, sobretudo, da união de amplas forças no país em defesa da democracia, da soberania nacional, dos direitos dos trabalhadores e do povo. Mesmo que os componentes desta frente ampla tenham diferentes rumos, já conseguimos enxergar que devemos nos unir um só combate: discutir a resistência e transformá-la em ação”.
O dirigente comunista considera que não basta convocar o povo para participar das manifestações, mas é urgente a necessidade de “convencer nosso povo e não continuar falando para nós mesmos”. “É preciso falar para fora, para além das salas de aula e portas de fábricas, discutir uma agenda para o Brasil. Sempre que o país se uniu, o país venceu e temos agora mais uma chance extraordinária para convencer o povo deste caminho. A única arma que a gente tem para o desfecho desta crise pela pacificação é com a mobilização popular por Diretas Já”, conclama.
Após sua intervenção, Sorrentino abriu o espaço para o debate. Mais que responder, ele disse que, devido aos acontecimentos ainda recentes, “queria ouvir” a opinião dos convidados. A cerimônia de lançamento do livro foi encerrada com sessão de autógrafos.