Visita de Trump a Israel: Reforço da aliança e protestos palestinos

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegou nesta segunda-feira (22) a Telavive, em uma visita que deve durar 30 horas a Israel e à Palestina. Ao chegar, foi recebido pelo premiê local, Benjamin Netanyahu, e por Reuven Rivlin, presidente israelense, e disse querer “reafirmar o laço inquebrantável entre EUA e o Estado de Israel” com sua visita.

Donald Trump e Benjamin Netanyahu

Segundo a mídia corporativa, a presença de Trump na região visa dar um novo pontapé de saída para negociações de paz entre Israel e a Palestina. Ainda no aeroporto Ben Gurion, logo após desembarcar, ele disse que esta é uma “oportunidade rara” de “trazer segurança e estabilidade à região”, “mas só podemos chegar lá trabalhando juntos”.

O líder norte-americano se disse esperançoso de que, “no futuro, os moradores da região viverão em paz”, e as crianças poderão “crescer livres do terrorismo e da violência”.

"Amamos Israel, respeitamos Israel. Estamos com vocês", concluiu Trump no aeroporto.
Netanyahu, o premiê israelense, agradeceu o que considerou "uma visita verdadeiramente histórica" e "um bom começo", já que "nunca antes, a primeira viagem oficial de um presidente dos EUA incluiu uma visita a Israel", comentou.

Após as costumeiras trocas de elogios entre os dois líderes dos regimes, o presidente dos EUA criticou o Irã acusando o país persa de “desestabilizar” a região.

Depois de vender 110 bilhões de dólares em armas para a Arábia, Trump voltou a usar a retórica de que o Irã é país que financia o terrorismo na região, com o propósito de tirar o foco da Arábia Saudita, que investe militarmente contra o Iêmen e que financia e arma os terroristas do Estado Islâmico na Síria. Esta nova transação de armas servirá apenas para aumentar o poder de fogo dos terroristas que tentam destruir o atual Estado sírio.

Em território de um país possuidor de armas nucleares, ambos voltaram a falar da improvável ameaça iraniana de possuir armas atômicas. Um espantalho brandido pelo regime israelense há anos.

Ao mesmo tempo, na Cisjordânia, território ocupado pelas forças armadas israelenses, milhares de palestinos protestavam contra a visita do líder do regime estadunidense à região. A polícia israelense interveio e reprimiu as manifestações. De acordo com o Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, pelo menos 100 palestinos ficaram feridos pela repressão policial aos protestos.

Equipes de apoio da organização tinham atendido até as 19 horas locais (13 horas em Brasília) "100 feridos, sendo oito por lesões de munição real, 20 por balas de metal com borracha, 64 que inalaram gás e oito com queimaduras ou fraturas".

O serviço de emergências habilitou um hospital de campanha em Kalandia, onde está o posto de controle que separa Ramala de Jerusalém e de onde se aproximou uma passeata com centenas de pessoas que partiu pela manhã do centro da cidade. Também foram registrados feridos em manifestações em Hebrom, Jericó, Qalqilyah, Abu Dis e Deir Sharaf.

Os protestos foram convocados pelo Comitê Nacional de Apoio aos Presos Palestinos e por grupos políticos como parte dos atos de solidariedade que estão acontecendo desde 17 de abril em prol de 1.300 prisioneiros em prisões israelenses em greve de fome há 3 semanas. Lojas, colégios e instituições em geral também fecharam em apoio aos presos.

Durante as manifestações, o público gritou frases contra a política norte-americana e contra a ocupação israelense. Alguns carregavam cartazes com a imagem de Trump marcada com uma sola de sapato.

"A greve foi uma mensagem para Trump que expressa a insatisfação das pessoas com a política norte-americana que apoia Israel", declarou Bassam Al-Salehi, secretário do Partido do Povo Palestino.

Terça-feira (23) Trump visitará a Cisjordânia e se encontrará com o presidente palestino, Mahmoud Abbas, em Belém. Organizações palestinas prometem protestos e um "dia de revolta" contra o presidente norte-americano e seu alinhamento a Israel.