Avanço étnico-racial na Unicamp e quase retrocesso em Americana

Enquanto a Unicamp aprovou a implantação de cotas étnico-raciais nos vestibulares para todos cursos de graduação, os vereadores de Americana votaram hoje (01/06) projeto de lei que propunha alteração na Lei 5.872/16, que instituiu o feriado municipal pelo Dia da Consciência Negra.

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No final da tarde terça-feira (30/05) o Conselho Universitário da Unicamp (Consu), em uma decisão histórica, aprovou a adoção das cotas étnico-raciais para ingressos nos cursos de graduação a partir 2019. Foi criado um Grupo de Trabalho (GT) que terá até 30 de agosto para preparar um relatório contendo sugestões sobre o modelo a ser adotado pela Universidade. O documento será discutido nas unidades de ensino e pesquisa e nos órgãos colegiados antes da votação da regulamentação, que deve ocorrer ainda este ano.

A direção do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU) comemorou a decisão em seu boletim, “o movimento negro no país em festa na noite de ontem pela vitória de fazer prevalecer a perspectiva de uma universidade inclusiva e o reconhecimento da dívida histórica para com as populações negra e indígena”.

Já em Americana, a luta popular quase sofreu um retrocesso. O projeto de lei 66/17, do vereador e empresário Luiz da Rodaben (PP) queria mudar a data da comemoração do Dia da Consciência Negra de 20 de novembro para o terceiro domingo de novembro. Em sua justificativa, o vereador atribui a necessidade de alteração à crise econômica e à existência de outros dois feriados no mesmo mês (Finados e Proclamação da República).

Entidades e militantes do Movimento Negro discordam e denunciam o ataque às conquistas populares e mais uma tentativa de impor uma agenda conservadora, aproveitando-se da conjuntura golpista em que está o país. Uma grande mobilização lotou o plenário da Câmara e conseguiu barrar a alteração da lei numa votação apertada – 10 contra e 08 a favor.