Política econômica de Temer é "desastrosa", diz empresário

Parte importante da base que apoiou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o empresariado começa a se dar conta de que a mudança de governo tem sido um desastre para a economia do país. Em artigo publicado nesta terça, o presidente da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), Benjamin Steinbruch , teceu duras críticas às medidas e decisões econômicas de Michel Temer e sua equipe.

Benjamin Steinbruch - AE

"Tirando os dias terríveis da hiperinflação do fim dos anos 1980, este é seguramente o pior momento da economia brasileira em muitas gerações", escreve o empresário na Folha de S.Paulo.

Steinbruch deixa claro que não acredita no discurso do atual governo, de que é o fim da recessão. "O país passou 11 trimestres seguidos em recessão, cresceu mísero 1% nos primeiros três meses deste ano, mas o PIB deve voltar a ser negativo no atual trimestre", diz.

De acordo com ele, o governo atual está de mãos atadas pela crise política. "Mesmo algumas de suas polêmicas iniciativas ortodoxas, que poderiam trazer pelo menos alguma expectativa otimista em razão de avaliações favoráveis do mercado financeiro, estão travadas pela crise política", aponta.

Depois de mencionar o alto nível do desemprego, as dificuldades da indústria e do setor de serviços, que não reagem, o presdiente da CSN defende: "Mais do que nunca, é preciso evitar que os rumos da economia no curto prazo sejam conduzidos por adeptos do sangue-frio econômico, que pregam a efetivação de mais medidas recessivas sem dó nem piedade".

Em defesa de seu próprio bolso, ele tece uma dura crítica à reoneração da folha de pagamentos das empresas, que está para ser aprovada no Congresso. "Mesmo quem a apoia, sob o argumento de que haverá geração de receitas adicionais para o governo, deveria ter o bom senso de observar que seu impacto será negativo pelo volume de demissões que vai provocar nos vários setores reonerados", disse, ao classificar a medida como "insana".

Para o empresário, é "insano" também o Banco Central passar a sinalizar que vai conter o ritmo de corte da taxa básica de juros "num momento em que a inflação anual desaba e se aproxima de 3%, enquanto os índices mensais começam a flertar com a deflação".

"A política do "sangue-frio", pela qual se deve resolver primeiro a questão fiscal, sejam quais forem as consequências na área social, é desastrosa. O Brasil está econômica e politicamente doente e precisa de estímulos e cuidados especiais. Não se bate em doente", encerra.