Abertura do 55º Conune reúne várias gerações do movimento estudantil

Maior Congresso em 80 anos da UNE teve início com o lançamento do filme que conta a história da sede da entidade na Praia do Flamengo 132.

Abertura 55º Congresso da UNE - Yuri Salvador

Como nos tempos de resistência à ditadura, o Cine Belas Artes em Belo Horizonte, antigo endereço do DCE da UFMG, esteve nesta noite de quarta-feira (14) repleto de estudantes que querem mudar a ordem da política atual do país. Com certeza da luta no lado certo da história, reuniram-se no número 1581 da Rua Gonçalves Dias antigas e atuais gerações do movimento estudantil para o ato de abertura do 55º Congresso da UNE, com o lançamento do documentário Praia do Flamengo 132, do cineasta Vandré Fernandes.“O filme serve como instrumento de luta nesses tempos de intolerância. O cinema é sempre uma arma de conscientização, principalmente da juventude”, destacou Fernandes, ex-militante da UNE.

O documentário traz, por meio de entrevistas, fotos, vídeos e documentos, a narrativa da perda e retomada da chamada casa do poder jovem, a sede da UNE na Praia do Flamengo no Rio de Janeiro, demolida pela ditadura militar e hoje em reconstrução.

“A retomada da sede no Flamengo não é só a retomada material da sede física, mas também de toda a nossa memória de luta e resistência democrática. Porque quando incendiaram a sede da UNE pensaram que iam nos deter, que iam deter a disposição de luta dos estudantes brasileiros, e nós estamos aqui , como dizia Honestino Guimarães nós voltaríamos e seríamos milhões, e hoje nós somos milhões, ocupando universidades e as ruas”, destacou a presidenta da UNE, Carina Vitral.

Junto à vice-presidenta Moara Correa e à Secretária-Geral, Jessy Dayane, a mesa diretora da entidade declarou aberto o maior encontro estudantil da América Latina. O Pró-reitor da UFMG, professor Tarcísio Vago, que também participou do movimento estudantil na década de 80 afirmou em sua fala que sem os estudantes Collor teria privatizado as universidades públicas; Sarney e FHC teriam transformado o ensino superior em um ambiente de privilégios.

“Foi o movimento estudantil que em muitas ocasiões puxou a luta docentes e servidores e toda a sociedade contra aqueles que querem os retrocessos em nosso país, e mais uma vez é o movimento estudantil que pode mais uma vez lutar contra esse governo que está aí usurpado e usurpando o poder em nosso país”, disse

O ex-presidente da UNE, Wadson Ribeiro, secretário e Ouvidor Geral do Estado de Minas Gerais representou o governador Fernando Pimentel (PT) durante o ato. Ele relembrou que foi eleito presidente da UNE, em Belo Horizonte no Congresso de 1999. A pedido do governador leu uma carta em seu nome.

“Ver a união de propósito de vocês e os valores democráticos que carregam mantém em nós a esperança de que o medo não esterilize os abraços, pois é ele, o medo novamente um dos maiores inimigos atuais da democracia”, destacou o governador na carta. E completou: “O papel de vocês estudantes será mais uma vez definidor do Brasil que nós queremos, do país no qual sonhamos, por isso é motivo de orgulho para nós mineiros recebê-los em nossa casa nesse momento”.

Estavam presentes ainda a secretária de Educação de Minas Gerais, Macaé Evaristo e ex-presidente da UNE, Aldo Arantes.

UEE recupera sede em Minas Gerais

Assim como a história do filme da noite, a UEE-MG teve sua sede histórica recuperada na tarde desta quarta-feira. O governador Pimentel devolveu o casa dos estudantes mineiros tomada pela ditadura por meio da doação do imóvel que irá abrigar a UNE, UEE-MG, União colegial de Minas Gerais.

“ É muito mais que apenas simbolismo, é a perenização da resistência iniciada há cinco décadas e a institucionalização da vitória de quem desafiou o arbítrio. A casa do estudante mineiro tem esse significado e peso, vamos quitar uma dívida histórica com os estudantes e eu, pessoalmente, com aquele jovem Fernando Pimentel de 1968”, escreveu o governador.

Canto de Esperança

Paula Vieira, 24 anos, estudante do IFCE de Fortaleza, disse que saiu muito emocionada do cinema.

“Esse é o momento da gente reoxigenar nossas forças e a história da UNE impulsiona a luta de reconquista de direitos, vi o quanto a UNE foi fundamental na ditadura e ainda hoje continua sendo”, destacou.

Taiane Priscila, 20 anos, estudante da UFRN, também afirmou que conseguiu reviver toda a história da UNE e sentir na pele. “Pude ver que o que a UNE é hoje foi uma construção por tudo que passou, as opressões, de bom e de ruim. Foi maravilhoso, acho que todos tem que assistir para tomar um fôlego novo”, recomendou.