Centrais:Revés da reforma trabalhista é vitória da mobilização popular

A Comissão de Assuntos Sociais do Senado rejeitou por 10 a 9 o parecer do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) que era favorável ao Projeto de Lei da Câmara (PLC) 38 da reforma trabalhista. Foi aprovado simbolicamente o relatório do senador Paulo Paim contra a reforma. O PLC segue para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Para dirigentes das centrais ouvidos pelo Portal Vermelho, o resultado mostra que a mobilização sindical e popular influenciou o voto dos senadores.

Por Railídia Carvalho

Centraissindicais esquenta greve geral - Jaélcio Santana

“Essa vitória influencia na condução das reformas. Uma derrota do governo repercute para as próximas votações. Acho que é motivo de comemorar esse resultado e intensificar as mobilizações”, declarou Wagner Gomes, secretário-geral da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

A notícia coincidiu com o Dia Nacional de Mobilização contra as reformas, chamado de Esquenta greve geral que ocorre nesta terça-feira. O objetivo é intensificar as atividades em torno da greve geral indicada pelas centrais sindicais para o dia 30 de junho.

Desde a madrugada, sindicalistas tem realizado panfletagens e atos em diversas capitais brasileiras contra as reformas. “Avalio que isso tudo (a rejeição da reforma na comissão) mostra o seguinte: Nós temos chance. Uma derrota como essa traz consequências negativas para a base do governo e incendeia a mobilização em todo o pais contra essas reformas”, afirmou Wagner.

O secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, disparou: “Quem tem bom-senso não vota a favor”. Segundo o dirigente da CUT, a derrota na comissão do Senado fortalece a resistência do movimento sindical.

“Anima a nossa luta. Temos toda uma mobilização no dia de hoje (20). No dia 23 as centrais sindicais se reúnem para fazer um balanço. Isso (a rejeição do relatório de Ferraço) é sinal de que o que estamos fazendo nas ruas está dando resultado. Agora é preciso intensificar o envio de e-mails aos senadores e aumentar presença em aeroportos e no Congresso pressionando pela rejeição da reforma trabalhista”, disse Sérgio.


Ferraço e Marta Suplicy: Revés deixou atônitos governistas

O assessor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Alysson Alves, elogiou o trabalho dos senadores de oposição. “A oposição fez o trabalho extremamente competente de convencimento dos senadores da CAS a ponto do senador Eduardo Amorim do PSDB de Sergipe, partido que está na base do Governo, ter votado contra a reforma”, se surpreendeu o assessor.

Na opinião de Alysson, a inversão do placar se deu em razão de duas importantes alterações de voto: "O senador Eduardo Amorim PSDB-SE, que votou contra a reforma, e o senador Petecão (PSD-AC), que era a favor, se ausentou para permitir o voto do senador Otto Alencar (PSD-BA), que reiterou o mesmo voto dado na CAE, contrário à reforma trabalhista".

O resultado foi muito comemorado pelos senadores da oposição. O relator tucano Ricardo Ferraço se retirou do local assim que o resultado foi definido.