Votação da reforma trabalhista agrava crise entre tucanos e Temer

A delação do empresário Joesley Batista, da JBS, abalou a frágil relação da cúpula peemedebista, liderada por Michel Temer, com o PSDB. Desde então, a crise se instaurou e a decisão da reunião da executiva tucana de permanecer no governo, definitivamente rachou a legenda. O primeiro efeito direto dessa decisão foi a rejeição ao projeto de reforma trabalhista na comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado, nesta terça (20).

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O governo Temer atribui a derrota na votação sobre a reforma trabalhista ao PSDB e peemedebistas – que disputam o espaço com os tucanos – cobram que a legenda seja enquadrada e, se não aceitar, defendem que o governo retire cargos dos tucanos.

O grupo constatou o óbvio: o PSDB faz "jogo duplo" diante da crise política e do desgaste do governo Temer. Para eles, o PSDB anunciou a permanência do governo, mas já está fazendo corpo mole no apoio ao governo.

Enfraquecido, Temer não tem força para enquadrar os tucanos nem qualquer outro membro da base aliada que resolver pular fora do barco. O senador Renan Calheiros (AL), líder do PMDB, também foi fundamental para a derrota.

E o sinal de alerta já foi acionado diante da eminência da denúncia de Rodrigo Janot na Câmara, que deve ser apresentada nos próximos dias. Temer não poder pressionar os tucanos porque precisa dos votos tucanos para derrubar a denúncia.

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de adiar o julgamento do pedido de prisão do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) também não causou o efeito esperado de acalmar os ânimos no ninho tucano. a avaliação é de que a situação de Aécio é insustentável.

A pressão para que Aécio renuncie em caráter definitivo da presidência da sigla aumentou por parte de integrantes da cúpula tucana e até aliados próximos. A avaliação é de que a sua permanência como presidente é fator de constrangimento.

"Para o partido é uma posição incômoda e desagradável ele estar apenas afastado. Mas essa é uma decisão pessoal do Aécio e precisamos respeitar esse fato", disse o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB.