Governo diz ter “certeza” da rejeição da denúncia, mas não tem quórum

O governo, por meio do ministro da Casa Civil Eliseu Padilha, disse ter “absoluta certeza” de que o plenário da Câmara dos Deputados vai rejeitar a denúncia contra Temer, apresentada pela Procuradoria-Geral da República, por corrupção passiva, na sessão marcada para o próximo dia 2 de agosto.

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Mas de acordo com o colunista do G1, Gerson Camarotti, o governo não está com toda essa certeza garantida como diz. Com duas pesquisas de opinião constatando que Temer é rejeitado pela população e que sua medidas de retrocesso reduziram a confiança popular a praticamente zero, o governo teme não conseguir o quórum mínimo de 342 deputados para votar contra a denúncia.

Isso porque a votação é nominal. Assim como na votação do impeachment, cada parlamentar deverá ir até o microfone e dizer como vota. Tal exposição já está provocando constrangimento à base aliada.

De acordo com o colunista, o governo já estuda um plano B. A estratégia cogitada agora é que os deputados aliados só registrem a presença depois da oposição. A ideia é colocar a responsabilidade de garantir o quórum para oposição.

No entanto, deputados da oposição entrevistados pelo Portal Vermelho já informaram que a preocupação de garantir o quórum é do governo.

“Se o governo não tiver quórum, não vai contar conosco para garanti-lo. O interesse de votar é do governo”, enfatizou o deputado Rubens Pereira Júnior (PCdoB-MA).

De acordo com a líder do PCdoB na Câmara, Alice Portugal (BA), os deputados da oposição estarão na Câmara, mas só registrarão a presença depois que a base do governo conseguir, por conta própria, atingir o quórum. No dia 1º de agosto, véspera da votação, acontece uma reunião entre as bancadas oposicionistas para definir a estratégia.

José Guimarães (PT-CE), líder da minoria, disse que o “jogo de xadrez” só se resolverá no dia 2. “Isso será analisado milimetricamente no dia 2”, destacou.

Pressa

O governo tem pressa em votar a questão e enterrar a denúncia da PGR. Mas de acordo com as contas do Planalto, ainda não há quórum suficiente para iniciar a sessão. A falta de quórum representa uma derrota do governo e a evidente redução da sua maioria no Congresso Nacional.

Essa situação inclui duas agravantes que durante o processo de impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff, em 2016, a direita usava como argumento para justificar o afastamento: a impopularidade e a perda da base aliada no Congresso.

A declaração de um líder governista resume o atual quadro da base de de Temer: “Temos número para barrar a denúncia contra Temer. Mas temos que calcular a estratégia para evitar o desgaste do adiamento da votação”.

Para piorar o situação de Temer, o instrumento de liberação de verbas de emendas utilizado para garantir os votos pela rejeição na Comissão de Constituição e Justiça secou. Depois de acelerar a liberação de recursos e empenhar R$ 3,9 bilhões em 50 dias, Temer já gastou 65,6% de todo o valor disponível neste ano para essa finalidade, tendo cerca de R$ 2 bilhões para deputados e senadores até dezembro.