Clubes europeus levam jovens jogadores brasileiros de baciada

Clubes brasileiros continuam reféns do dinheiro gordo dos clubes europeus. Nenhum deles resiste ao assédio. A maioria reza para que seus garotos entrem na rota do mercado de transferência.

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Tem sido assim nas últimas temporadas. Nem seria diferente nessa janela de agosto de 2017. A venda de Luan do Grêmio ao Spartak Moscou, encaminhada nesta quarta-feira (09/8), confirma esse processo e expõe a fragilidade dos gigantes do Brasil. Basta chacoalhar um maço de notas de euros para levar os meninos, sem muito esforço.

Para se ter uma ideia do volume e dos valores da exportação de atletas, o Brasil vendeu 439 jogadores – período de janeiro a julho de 2016 – e movimentou R$ 386,4 milhões. De janeiro a julho de 2017, já foram negociados 514 jogadores envolvendo R$ 611,9 milhões. Entra nesse balaio garotos como Vincius Jr e outros mais rodados.

Um dos destaques da Seleção Brasileira na conquista da inédita medalha de ouro na Olimpíada do Rio, Luan está entre os cinco melhores jogadores do Brasileirão 2017. É também um dos últimos daquele time olímpico a deixar o Brasil. Já foram negociados Gabriel Jesus, Gabigol, Wallace, Thiago Maia, Douglas Santos e William. Continuam por aqui, Luan (do Vasco para o Palmeiras), Rodrigo Caio (São Paulo), Zeca (Santos) e Weverton (Atlético-PR).

Spartak de Moscou deve fechar a contratação de Luan por 20 milhões de euros (R$ 73 milhões). Grêmio teria direito a 14 milhões de euros (R$ 51 milhões), o restante seria dividido entre três parceiros, com 10% dos direitos cada um – o empresário Jair Peixoto, o investidor Celso Rigo e a empresa K2.

A transferência de Luan é mais uma entre as centenas de vendas efetuadas antes mesmo de se fechar o mercado europeu.

Quem ainda olha essa situação com ceticismo é só prestar atenção no que exportamos em menos de dois meses de janela de transferência. Anote aí e veja quantos meninos foram embora na metade da atual temporada do calendário brasileiro. Não se trata de perebas. Falamos de jovens com serviços prestados às categorias de base da Seleção Brasileira e aos times de cima de seus clubes onde foram forjados.

Negociamos Thiago Maia, 20 anos, volante titular do Santos e campeão olímpico em 2016 vendido ao Lille da França; Richarlison, 20 anos, atacante do Fluminense transferido ao Watford da Inglaterra; Luís Araújo, 18 anos, do São Paulo ao Lille; Douglas, 19 anos, volante do Vasco vendido ao Manchester City e emprestado ao Girona, filial do clube inglês; Vinicius Jr, 17 anos, revelação do Flamengo negociado ao Real Madrid; Otávio, volante do Atlético-PR ao Bordeaux, Vitor Hugo, 23 anos, zagueiro do Palmeiras à Fiorentina, Vitinho, 18 anos, emprestado pelo Palmeiras ao Barcelona B; Lyanco, 20 anos, zagueiro do São Paulo ao Torino. Poucos meses atrás, deixamos sair David Neres, 18 anos, do São Paulo para Ajax; e Wallace, 23 anos, do Grêmio para o Hamburgo.

Como os clubes europeus têm até o dia 31 de agosto para comprar jogadores, a expectativa é de que mais jovens brasileiros entrem nas negociações. Não há como resistir.

O curioso é que os clubes brasileiros vendem a rodo e gastam esse dinheiro em atletas mais rodados. Flamengo, por exemplo, cedeu seu diamante Vinicius Jr e adquiriu Everton Ribeiro e Diego Alves, de vasta quilometragem no futebol e caros para o padrão nacional. A mesma situação vive o Palmeiras que negociou ano passado Gabriel Jesus e investiu no venezuelano Guerra, William do Bigode, Deyverson, Michel Bastos, entre outros.