ELN denuncia assassinatos de líderes sociais após cessar-fogo

O chefe de negociações pela paz do Exército de Libertação Nacional (ELN) da Colômbia, Pablo Beltrán, afirmou nesta terça-feira (12) que é inédito o acordo de cessar-fogo bilateral entre a guerrilha e o governo. Mas ao mesmo tempo, exigiu que o Executivo deve trabalhar para neutralizar imediatamente a matança de líderes sociais no país.

Pablo Beltrán - Divulgação

Para Beltrán, os assassinatos de líderes sociais em meio ao processo de paz são contraditórios. Segundo ele, esta é uma “péssima mensagem”. Na visão do dirigente, o objetivo do acordo de cessar-fogo bilateral era reduzir a violência política e a perseguição aos líderes sociais, mas isso não está acontecendo: até o último dia 30 de junho já foram assassinados 101 em todo o país.

“É um recorde que não havia acontecido em nenhum ano anterior. Se isto continuar assim, então vamos ter mais de 200 líderes assassinados até o final do ano. O processo de paz não tem nenhum sentido e é contraditório. Exigimos que o governo pare com as perseguições políticas”, disse Beltrán em entrevista à Telesur.

O dirigente denunciou que muitas das áreas onde antes eram ocupadas pela Força Alternativa Revolucionária do Comum (Farc), hoje são ocupadas por paramilitares. “Esta situação é um contrassenso, aumenta a matança de líderes. Precisa ser corrigida”, exigiu.

O ELN se comprometeu em suspender por cem dias várias atividades que afetam as populações do entorno onde a guerrilha se concentra. Enquanto isso, o governo de Juan Manuel Santos se responsabilizou em fazer esforços para neutralizar os combatentes paramilitares responsáveis por assassinar líderes sociais. “Os fatos vão dizer como cada um de nós está cumprindo o acordo”, provocou Beltrán.

Um dos principais objetivos do acordo temporário entre o ELN e o governo é cessar as operações ofensivas para que cada parte se comprometa em diminuir a intensidade do conflito até que o acordo final de paz seja firmado, como aconteceu no ano passado entre o Executivo e as Farc – então Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo.

No último dia 4 deste mês o ELN e o governo anunciaram o acordo de cessar-fogo bilateral temporário. O pacto vai entrar em vigor no dia 1º de outubro e deve permanecer, a princípio, até janeiro de 2018, quando as duas partes esperam já ter avançado no acordo de paz definitivo.

Assim como as Farc, o ELN está numa mesa de negociações com o governo com o objetivo de abandonar as armas e integrar a sociedade civil através da via democrática.

Diferente das Farc, o ELN é um grupo mais concentrado nas áreas urbanas. As mesas de diálogo acontecem atualmente em Quito, no Equador, região considerada território neutro.