Encontro de Atingidos por Barragens defende direitos e riqueza do povo

O 8º Encontro do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) acontecerá entre os dias 1 e 5 de outubro deste ano e tem como foco a luta histórica do movimento, principalmente no atual cenário de desmonte de direitos dos brasileiros, e após completar dois anos da tragédia em Mariana.

Por Verônica Lugarini*

Encontro atingidos por barragens - Clécio Almeida

A luta pela defesa dos direitos da população atingida pela construção de hidrelétricas e de outras barragens no país é contínua. Diante das ofensivas do governo de Michel Temer é necessário unir forças para enfrentar os retrocessos e barrar retirada de direitos da população, principalmente dos atingidos e atingidas por barragens.

Um exemplo emblemático deste âmbito, foi o caso da tragédia em Mariana que, até hoje, está com o processo parado na justiça. Inclusive, em agosto deste ano, a justiça suspendeu a ação que poderia punir os responsáveis da Samarco pelo desastre.

Ainda nesta quinta-feira (21), o ministro Fernando Coelho Filho, da pasta de Minas e Energia, classifica a tragédia em Mariana como 'acidente e fatalidade'.

É nesse contexto que o encontro do MAB se torna extremamente importante para trazer à tona debates e denúncias sobre o tema.

O encontro, que acontecerá no Rio de Janeiro (RJ), será realizado em uma data significativa.
“O mês de outubro foi escolhido porque é uma data importante para o Brasil. Afinal foi no dia 3 de outubro que a Petrobras foi fundada. A estatal está sendo ameaçada e não é possível permitir isso, pois ela é um símbolo nacional e foi criada a partir da luta e da resistência do povo brasileiro em defesa da soberania nacional com relação ao petróleo”, disse Luiz Dalla Costa, Integrante da coordenação nacional do MAB, em entrevista ao Portal Vermelho.

Entre os principais objetivos do evento estão: o fortalecimento da unidade da classe trabalhadora e os debates dos desafios para a construção de uma nova sociedade.

Além das denúncias do atual sistema energético, as violações de direitos, os crimes sociais e ambientais cometidos pelas empresas e toda exploração praticada sobre as populações atingidas.
“O evento enfoca a defesa dos direitos da população atingida pela construção de hidrelétricas e de outras barragens no país, seja hidrelétrica para reposição de energia ou barragens de contenção de rejeitos, e também lembrando que faz dois anos do crime que aconteceu em Mariana. Então nós também iremos fazer homenagens a luta dos atingidos de Bento Rodrigues, em Mariana que estão na luta pelos seus direitos”, explicou Dalla Costa.

Será destaque também, a construção de um projeto energético popular.

“Hoje às vésperas de privatizarem a Eletrobras, – mais um crime histórico contra a nossa nação entre os muitos praticados por esse governo que se apoderou da presidência – essa luta é mais justa e mais necessária do que nunca. Os ativistas sociais, os lutadores e as lutadoras, os nossos jovens e o nosso povo precisam tomar mais conhecimento dessa causa porque é uma causa que vai no coração do desenvolvimento nacional. É um setor, uma cadeia energética que movimenta um ativo de quase R$ 1 trilhão e é uma grande alavanca para o nosso país”, destacou Walter Sorrentino, vice-presidente nacional do PCdoB e também integrante do MAB.

Sorrentino completou dizendo que a questão energética no Brasil tem grande representatividade.

“O Brasil é uma grande potência energética de matriz limpa e invejada no mundo, mas isso não quer dizer que ela esteja inteiramente sob a soberania nacional e muito menos atendendo aos grandes interesses do nosso povo, portanto há uma grande identidade entre nós com respeito à justeza dessa luta, por um projeto nacional de desenvolvimento soberano e sob um papel do Estado bastante ativo sobre sob a soberania democrática popular”, conclui o vice-presidente.