Ocupação completa um mês sob ameaça de despejo de 6,5 mil famílias

Neste domingo (1º de Oututbro) a ocupação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), no bairro Planalto, na cidade de São Bernardo do Campo, em São Paulo, completará um mês. Com mais de 7 mil famílias acampadas numa extensa área de um terreno de 70 mil m², a ocupação aguarda o julgamento de três dos cinco desembargadores da 20.ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo devem julgar a reintegração de posse qie foi contestada pelo MTST.

Ocupação MTST em São Bernardo - MTST

"Temos a expectativa de que a Justiça considere o fato de que esse terreno estava abandonado, sem cumprir função social por 40 anos e, portanto, que a construtora não exercia a posse", disse ontem ao Estado o líder do MTST Guilherme Boulos, em entrevista ao Estadão.

"E que a Justiça considere a gravidade que é determinar um despejo para mais de 7 mil famílias sem uma saída negociada", advertiu Boulos, destacando que, caso seja determinado o despejo, é preciso apresentar uma solução.

A preocupação é garantir condições mínimas de moradia, assim como determina a Constituição. Segundo Joel dos Santos Carvalho, um dos coordenadores do acampamento, o número de famílias já chega a 10 mil famílias no local, o que reforça a situação de exclusão e desigualdade do país. Trata-se da maior ocupação já feita pelo MTST em São Bernardo,

Ele relatou que a ocupação é feita de forma organizada e que todos os dias é realizada uma assembleia e atividades nos acampados.

"Nós estamos confiantes na luta", declarou Andreia Barbosa da Silva, outra líder da organização do acampamento, reforçando a disposição dos ocupantes. Ele informa que houve reunião com representantes da Construtora MZM, proprietária do terreno, em que foi apresentado um plano de construção de habitações que o MTST administra usando o programa de financiamento Minha Casa Minha Vida (MCMV)/Entidades – Faixa 1, que é uma faixa de financiamento com objetivo social, com subsídios da Caixa de imóveis até R$ 95 mil.

"Nós organizamos os trabalhadores sem-teto que precisam de moradia. São pessoas desempregadas, 90% aqui mesmo do município", disse Andreia.