MTST realiza marcha nesta terça para defender ocupação em São Bernardo

A ocupação Povo Sem Medo, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem teto (MTST), na bairro Planalto, em São Bernardo do Campo, ABC paulista, completou um mês ontem (1º).

ocupação MTST São bernardo (sp) - Lucas Duarte de Souza/RBA

E se prepara para realizar também a maior marcha da história do estado de São Paulo, nesta terça feira (3). Os milhares de ocupantes pretendem sair da área às 6h, com destino ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, para cobrar do governador Geraldo Alckmin (PSDB) uma saída negociada para a situação.

No sábado, artistas e outras personalidades gravaram um vídeo de apoio à ocupação e pedindo uma saída negociada para as famílias. Na própria assembleia, parlamentares do PT, Psol, PCdoB, além de líderes sindicais e representantes de diversas organizações e movimentos sociais estiveram presentes manifestando seu apoio aos moradores.

"Neste mês estamos tentando fazer negociação, já fomos pra rua várias vezes, na prefeitura, na sede da construtora. Deixamos claro que nosso lado é o lado pacífico. Nosso lado é o lado de quem quer solução. Isso aqui tem tudo para dar certo. Com o tamanho desse terreno, o tanto de gente que tem aqui, os apoios que estamos recebendo", disse Guilherme Boulos, coordenador nacional do MTST, em assembleia na tarde de ontem. "É o momento de irmos, com todas as nossas forças, para o vai ou racha. Por isso, na terça-feira, é um dia decisivo para a nossa luta. Nós vamos fazer uma marcha que talvez o estado de São Paulo ainda não tenha visto. A marcha vai ser longa, vai exigir sacrifício."

Na tarde desta segunda (2), o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) julgaria o mérito do pedido de reintegração de posse feito pela construtora MZM, dona do terreno. A empresa tem uma dívida de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) de cerca de R$ 500 mil, relativa á área ocupada, segundo o movimento. Boulos disse que os advogados do movimento estão trabalhando intensamente por uma decisão favorável. E que caso ela ocorra, o ato seria adiado.

“Esperamos que (os desembargadores) tenham bom senso para buscar solução negociada por esse terreno. Inclusive levando em consideração que este terreno estava abandonado há 40 anos. Mas quando a gente ocupa para dar finalidade a ele, aí o proprietário aparece. Se eles tomarem uma decisão contrária, nós vamos recorrer em tudo quanto é quanto: STJ, STF. Mas acima de tudo nós vamos recorrer nas ruas, onde as coisas se decidem de verdade. Independente do que eles decidam, nós vamos seguir lutando”, afirmou.

O militante garantiu que o movimento vai resistir a uma tentativa de reintegração de posse. E destacou que ameaças e violência – como no dia em que tiros foram disparados contra os ocupantes a partir do condomínio ao lado – não vão intimidar as famílias. Os ocupantes já realizaram manifestações na prefeitura de São Bernardo do Campo e na sede da construtora MZM, em busca de um acordo que garanta a construção de moradias populares.

“A gente pode até sair voluntariamente do terreno. Mas pra isso acontecer vai ter de ser com acordo, em papel passado, apontando solução de moradia pra todo mundo que está aqui. Agora se eles quiserem apostar no conflito, vão ter de pagar pra ver. Nós vamos resistir. Nós não passamos aqui esse mês, se sacrificando em baixo de lona, com o pé no barro, por causa de nada”, disse o coordenador do MTST.