Antes da votação, governo garante manter portaria do trabalho escravo

Para garantir os votos e rejeitar a segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República, Michel Temer fez diversas promessas à bancada aliada, entre as quais a bancada ruralista que ganhou de presente uma portaria que acaba com a fiscalização de combate ao trabalho escravo no país.

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As críticas vieram de todos os lados, e por violar os princípios constitucionais, o Supremo decidiu suspender seus efeitos, atendendo pedido liminar.

A decisão deixou o governo em uma sinuca de bico, já que a votação da denúncia pelo plenário da Câmara dos Deputados acontece nesta quarta (25). Para tentar acalmar os ânimos da bancada ruralista, o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, disse que o governo vai seguir em frente com a portaria, sinalizando que vai manter o compromisso.

"A portaria não será revogada, não há motivos para isso", disse o ministro de Temer. Parte da bancada ruralista não confiou na palavra do ministro e partiu para a pressão, exigindo um projeto de lei para substituir a portaria.

De acordo com informações da coluna de Severino Motta, no BuzzFeed, a "bancada do boi" ameaçou dificultar a vida de Temer na votação, caso as reivindicações não fossem atendidas.

O clima de tensão foi grande durante todo o dia. Somente após oito horas é que a Câmara atingiu a presença mínima de 342 deputados em plenário e começou a análise da denúncia.

Na entrevista, tentando partidarizar o debate, Nogueira disse que a "a portaria teve um lado bom", porque trouxe o conjunto da sociedade para a discussão. "O combate ao trabalho escravo não pode ser o monopólio de uma categoria ou de um partido político. Tem que ser do conjunto da sociedade", disse ele.

No entanto, além de lideranças políticas-partidárias, diversos órgãos internacionais, inclusive a ONU, repeliram a medida, classificando como um "retrocesso". Assim também definiu a procuradora-geral da República, Raquel Dodge.

O governo afirma que negocia com a procuradora as sugestões para alterações da medida. O Planalto diz que de todas as sugestões apresentadas para a reformulação da portaria que "as mais sensatas" foram feitas pela procuradora.

Porém, até agora, não apresentou quais seriam as propostas que corcorda em alterar.