Temer diz que os que não votam com ele 'ficam do tamanho do meu sapato'

Durante jantar com integrantes da base aliada oferecido pelo deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG), nesta terça-feira (24), Michel Temer fez um apelo aos parlamentares para rejeitarem a denúncia contra ele por obstrução de Justiça e organização criminosa.

Michel Temer - Beto Barata/PR

Segundo relatos feitos ao blog da jornalista Andréia Sadi, do G1, Temer admitiu que está sem prestígio e disse que muitos parlamentares se sentem constrangidos em declarar apoio a ele pois "a luta não é política, é moral".

Contraditório, para não dizer outra coisa, Temer afirma que parlamentares dizem o adorar e que ele "honra o país", mas justificam que não podem votar nele nesta quarta-feira (25) por conta da pressão das bases eleitorais.

De acordo com a colunista, Temer disse que o único sentimento que tem é de "pena" desses parlamentares e desdenhou do apoio tímido.

"O único sentimento que tenho é de pena. Aquela figura, que, às vezes, é até maior do que eu, vai se apequenando, e a impressão que tenho é que é do tamanho do meu sapato", disse ele, afirmando que é vítima de uma "conspiração".

Temer também disse que as instituições estavam desarticuladas. "Temos de restitucionalizar o país", afirmou.

Para tentar salvar a sua pele e barrar as denúncias criminais, Temer usou R$ 32,1 bilhões dos cofres públicos. Essa é a soma de diversas concessões e medidas do governo negociadas com parlamentares da Câmara entre junho e outubro, desde que foi denunciado pela primeira vez, por corrupção passiva, até a votação da segunda acusação por crime de organização criminosa e obstrução da Justiça.

Também foram empenhadas R$ 4,2 bilhões das emendas parlamentares individuais de deputados, que têm execução obrigatória desde 2015. Temer usou a liberação, que é definido pelo governo, para barganhar os votos a seu favor.

"Se é governo, espera. Será tratado a pão e água", disse em alto e bom som o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), vice-líder do governo na Câmara, sem nenhuma preocupação de esconder qual é o jogo do governo.

Entre outras medidas, Temer decidiu dar descontos camaradas de 60% em multas ambientais e transformar os pagamentos em compromissos de gastos dos entes privados com reflorestamento e conservação do ambiente. A medida pode tirar dos cofres mais de R$ 2,7 bilhões.