A censura à Judith Butler no Brasil e a reação dos artistas

Um dos principais centros culturais de São Paulo, o Sesc Pompeia vem sofrendo ataques em sua página no Facebook desde a tarde do dia 26 por receber, na segunda-feira (6), a filósofa estadunidense Judith Butler. Ela participa do seminário “Os fins da democracia”, que acontece entre os dias 7 e 9 de novembro – e que não trata de gênero, especificamente.

Judith Butler - Divulgação

Ao todo, a página já recebeu 386 avaliações negativas em torno de 24 horas. A mesma estratégia foi utilizada contra a página do MAM logo após a polêmica envolvendo a performance La Bête; e com o Santander, que em Porto Alegre organizou a mostra Queermuseu.

Uma petição anônima também lançada nesta quinta (26) pede ao Sesc o cancelamento da visita de Butler – e já conta com 88.821 assinaturas. “Não podemos permitir que a promotora dessa ideologia nefasta promova em nosso país suas ideias absurdas, que têm por objetivo acelerar o processo de corrupção e fragmentação da sociedade”, é como justifica-se o texto da petição.

Além de participar do seminário, a filósofa vem ao Brasil para lançar seu último livro, Caminhos divergentes – judaicidade e crítica do sionismo (Boitempo), obra que faz uma crítica ao sionismo político dialogando com filósofos como Emmanuel Levinas, Hannah Arendt e Walter Benjamin.

Uma das principais teóricas dos estudos queer, Butler também exerce grande influência em outros campos teóricos e disciplinares como a Ética e a Filosofia Política. É autora de, entre outros, Problemas de gênero – Feminismo e subversão da identidade, Relatar a si mesmo – Crítica da violência ética e A vida psíquica do poder – Teorias da sujeição.

Em resposta às avaliações negativas ao Sesc Pompeia, artistas e apoiadores articularam um “avaliaço” informal. Cerca de 3 mil pessoas avaliaram positivamente o centro cultural, incluindo nomes como a poeta Alice Ruiz e os músicos Juçara Marçal, Mariá Portugal, Ricardo Herz, Dudu Tsuda e Leo Cavalcanti. Procurados, os representantes do Sesc preferiram não se manifestar sobre o assunto.