Vitória: Marcha do MTST conquista abertura de negociação com Alckmin

Nesta terça-feira (31) a marcha histórica da ocupação Povo Sem Medo, do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), reuniu mais de 20 mil pessoas e durou 10 horas. O saldo foi a grande vitória de uma abertura de negociação com o governo Alckmin. Uma nova reunião deve acontecer na próxima semana, no dia 10 de novembro.

Por Verônica Lugarini*

Marcha MTST - midia ninja

Milhares de famílias caminharam de São Bernardo do Campo até o Palácio dos Bandeirantes no Morumbi, sede do governo do estado de São Paulo, para reivindicar a desapropriação do terreno – abandonado há 40 anos e que foi ocupado por 8 mil famílias – para a construção de moradias populares.

A marcha tomou proporção histórica e reuniu mais de 20 mil participantes do MTST e simpatizantes em uma caminhada de 10 horas. Ao chegarem no Palácio dos Bandeirantes, o coordenador do MTST, Guilherme Boulos, participou de reunião com deputados estaduais e os secretários do governo Alckmin, Samuel Moreira (Casa Civil) e Rodrigo Garcia (Habitação).

A reunião foi vitoriosa com a promessa do governo Alckmin de soluções habitacionais para a ocupação Povo Sem Medo.

“Hoje na reunião que nós tivemos se destacam duas questões importantes: a primeira, em relação a nossa ocupação, o Povo Sem Medo de São Bernardo do Campo foi a abertura real do processo de negociação junto ao governo do estado e que no dia 10 na reunião nós poderemos bater o martelo a respeito daquelas duas questões: o cadastramento do CDHU na área de todas as famílias que estão lá e também a questão das alternativas habitacionais porque o cadastro é sim importante, mas ele só não resolve. Nós queremos discutir as alternativas habitacionais de terreno e de construção de moradia para as famílias que estão lá. E essa será a pauta da reunião do dia 10”, disse Boulos em discurso na noite desta terça.

"Tivemos uma reunião demorada, dura, difícil, o secretário veio aqui, assumiu compromissos perante todos. Mas, mais importante do que isso, é a gente se manter firme, vigilante e de prontidão, para fazer o que for necessário para que a gente consiga que o que foi falado não fique só da boca para fora, que vire papel assinado, que saia do papel e vire realidade em construção de moradia, que é o que a gente busca, dia e noite, como movimento", concluiu Boulos.

Ainda segundo o coordenador nacional do movimento, a mobilização foi encerrada com o sentimento de dever cumprido e representou uma grande vitória para o MTST.

Ocupação Povo Sem Medo

Milhares de famílias vem mostrando há dois meses o poder da união, da organização e da autogestão na luta por moradia. São mais de 8 mil famílias que ocupam o terreno – de 70 mil m² na rua João Augusto de Souza – abandonado há mais de 40 anos pela construtora MZM. Para além da ociosidade do local, a construtora deve mais de R$ 500 mil de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).

Soma-se a isso, o contexto de crise, desemprego e, especulação imobiliária. Apenas em São Bernardo do Campo o déficit habitacional é de 90 mil famílias.

“Com o agravamento da crise social e o desemprego, milhares de pessoas não têm como pagar aluguel e isso enxuga o orçamento. Por isso, a ocupação não é uma escolha, é uma falta de escolha. Ela funciona como um grito de resistência contra uma situação que coloca em cheque o direito à moradia na cidade”, explicou Guilherme Boulos, coordenador do MTST, em entrevista ao Portal Vermelho.