Coisa de preto

Por Jonathan Raymundo*

coisa de preto

Coisa de Preto é a bruxaria contida num conto de Machado de Assis

Um samba escrito pela caneta de Mauro Diniz

Coisa de preto é a poesia de Cartola

Os dedos a bailar sobre o violão de Paulinho da Viola

Ah, só podia ser preto – Romário, Imperador, Ronaldinho.

Responder ao racismo com Lamentos em forma de chorinho

Pixinguinha, preto rei, rei dessa coisa escura

Renato Gama autodidata senhor da soltura

Coisa de preto é manter-se grande diante de quem mata

É se precisar ameaçar com canhão pelo fim da chibata.

Coisa de preto é viver com alegria

Inventar a matemática, arquitetura, medicina, agricultura e filosofia

Ser parte da primeira civilização

Ser senhor do Blues, do Samba, do Reggae, do Pop, Soul, do Jazz

Ter um mundo racista curvado ao seus pés

Pelé, Abdias, Martinho da Vila, Elza Soares

Coisa de preto é Dandara mandando racista pelos ares

Palmares…respeite e pise devagar na ponta do pé

Coisa de preto é a beleza da casa de candomblé

Coisa de Preto é fazer deuses sobreviverem em navio cruel

É manter amor a Terra diante de um povo que a desdenha pelo céu

Coisa de preta é Jovelina partideira

Milton, Djavan, Tim, Alcione e Candeia

Veja a noite Yurugu, fique atento

É preta a senhora dona do vento

Veja, estejas pronto e ouvindo

Pois é coisa de preto branco pendurado pelo pescoço na Revolta de São Domingos.