Seminário na Casa do Jornalista fará homenagem a Fátima Oliveira

No dia 23 de novembro acontecerá no Sindicato d@s Jornalistas um seminário para refletir sobre “raça, classe, gênero e participação política em Minas Gerias”. O evento está sendo organizado pelo professor Erisvaldo Pereira dos Santos, da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), como um tributo à médica Fátima Oliveira, que faleceu no último dia 05 de novembro. Além do organizador, serão debatedores os professores Marcos Cardoso, do Instituto Hamilton Cardoso, e Rosa Vani Pereira, da EMAAC.

Fátima Oliveira, médica e ativista brasileira. - Foto: ONU Mulheres

O seminário refletirá como as assimetrias sociais que marcam o pertencimento dos sujeitos nas sociedades capitalistas referem-se às relações de raça, classe e gênero. No caso brasileiro, os indicadores socioeconômicos produzidos por órgãos governamentais como o IBGE e o IPEA demonstram como a base de nossa pirâmide social é composta por negros e mulheres que vivenciam um processo histórico de desigualdades, tanto na distribuição da renda quanto no acesso a bens como saúde e educação. Refletir o processo de participação política a partir da interseccionalidade entre raça, classe e gênero pressupõe o entendimento de que as desigualdades sociais também são produzidas por relações de dominação que envolvem não apenas a exploração do(a) trabalhador(a), através da mais valia, mas também o racismo o machismo e o sexismo, que funcionam como ideologias montadas para justificar as relações de subordinação.

No momento em que a democracia se encontra em risco, a hierarquização das opressões interessa somente àqueles setores da sociedade que operam os mecanismos de dominação e sujeição social. A afirmação de um tipo de sujeição social e econômica em detrimento de outras formas de dominação pode até fortalecer um segmento de luta política, mas não produz a unidade necessária para enfrentar a classe dominante, que se mantém sempre unida em torno da manutenção dos seus privilégios. A construção de uma unidade de ação política a partir da interseccionalidade entre raça, classe e gênero, além de apontar para o fortalecimento da democracia, constitui-se uma estratégia de ação para derrotar as forças contrárias às conquistas sociais e políticas dos segmentos que compõem a base da pirâmide social.

Não há democracia que se sustente sem uma intensa participação cidadã. Construir estratégia de defesa e aprofundamento do regime democrático é tarefa fundamental de todas as pessoas que identificam a primazia do campo da ação política como responsável pelas conquistas e garantia dos direitos fundamentais da pessoa humana e também de uma sociedade justa e fraterna. Essa tarefa não se realiza sem uma efetiva participação política no nível do controle social e também no fortalecimento de partidos comprometidos com mudanças nas estruturas sociais.

A médica Fátima Oliveira entra para a história da política brasileira e de Minas Gerais como uma militante comunista que assumiu essa tarefa através da interseccionalidade entre raça, classe e gênero, atuando nos movimentos negros, nos movimentos feministas e na luta em prol de uma saúde pública de qualidade para a classe trabalhadora. Seu legado político reverbera em Minas Gerais como expressão de protagonismo feminista e também como um apelo ao aprofundamento desta discussão.