Marchas, atos e atividades culturais marcam o Dia da Consciência Negra

Milhares tomaram as ruas em todo o país nesta segunda-feira (201), marcando o Dia da Consciência Negra. A data relembra a morte de Zumbi dos Palmares, último líder do quilombo dos Palmares, assassinado em 1695, e se tornou um dia de luta contra as desigualdade e por mais direitos.

Consciência negra em Salvador - Maiana Belo/G1

Em São Paulo, centenas de pessoas tomaram o vão livre do Masp, na avenida Paulista, de onde saíram para participar da 14ª Marcha da Consciência Negra nesta segunda-feira (20).

"É um dia de luta. Um dia de combate e de reflexão sobre o racismo e a discriminação que são traços marcantes nos dias de hoje", afirmou o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), que participou do ato na Paulista. Segundo ele, a população negra é a principal afetada pelos efeitos da crise e pela retirada de direitos das reformas do governo Temer. 

 

Convocada por entidades dos movimentos sociais, a manifestação percorreu as principais ruas até chegar ao Teatro Municipal, na região central.

A Prefeitura de São Paulo, comandada pelo tucano João Doria, tentou por meio da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e a Polícia Militar, impedir a marcha. Contrariando o que havia sido acordado anteriormente, tentaram proibir a saída do carro de som.

Diferentemente do que ocorreu em anos anteriores, a CET não enviou representantes a reuniões prévias, preparatórias ao evento, o que segundo os organizadores, evidencia a má-fé para com a promoção da atividade.

Salvador

Na segunda capital com maior percentual de negros na população, totalizando 82,2%. Salvador, na Bahia, o ato reuniu uma multidão que saiu em caminhada da Praça do Campo Grande até a Praça Municipal.

“Trabalhamos na luta de aumentar o nível de consciência crítica de cidadania do povo negro. A luta contra o racismo não é antibranco é contra a opressão”, disse o coordenador do Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen) na Bahia, Gilberto Leal.

Sob o tema “Tributo a Carlos Marighella”, os manifestantes homenagearam o ativista político que lutou conta a ditadura que tinha pai italiano e mãe negra. O filho dele, Carlos Augusto Marighella Filho participou da caminhada.

“É um orgulho ver Marighella sendo homenageado no Dia da Consciência Negra. Ele lutou pela democracia e mostrou força, demonstrou determinação e nada melhor do que Marighella para inspirar essa juventude a lutar contra o racismo”, disse o filho.

Rio Grande do Sul

Em Porto Alegre, alunos, professores e funcionários negros da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) se reuniram para um registro em imagem, no Dia da Consciência Negra.

O objetivo é lembrar os 10 anos da implantação do sistema de cotas para afrodescendentes nos cursos de graduação. Desde 2007, mais de 5 mil estudantes negros de escolas públicas conseguiram acesso à UFRGS.

"É uma oportunidade de mostrar que a universidade sempre foi e deve ser lugar de negro e de todas as etnias", afirmou o servidor da universidade Wagner Machado.

Temer

O golpista Michel Temer usou as redes sociais para falar sobre a data. A mensagem recebeu centenas de comentários de desaprovação, reforçando a impopularidade recorde.

"O que o senhor fez foi promover a desigualdade social e a retirada do papel do Estado na proteção dos hipossuficientes que em grande parte são pobres, afrodescendentes, sem ensino fundamental concluído. Celebrar seria a tua saída. Temos retrocessos na tua gestão", disse um internauta.