Justiça da Bahia adia julgamento de assassinos de sindicalistas 

A 2ª Turma da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) adiou o julgamento dos recursos do processo que investiga as mortes de Paulo Colombiano e Catarina Galindo, assassinados em Salvador, há mais de sete anos. O adiamento foi motivado por um pedido de vista – quando o magistrado pede mais tempo para estudar a ação – feito desembargador Aberlaldo da Matta Neto.

Galindo protesto morte de sindicalistas - Foto: PCdoB/BA

 Inconformados, familiares e amigos do casal fizeram uma manifestação em frente ao Tribunal, localizado no Centro Administrativo da Bahia (CAB), para denunciar a demora na condução do processo. Para Geraldo Galindo, irmão de Catarina, o adiamento significou mais uma vitória dos acusados do assassinato, “pois, por todo esse tempo de impunidade, eles ganham mais tempo para aproveitar a liberdade”.

Aos presentes no ato, Galindo pediu que o sentimento de frustração fosse convertido em energia para a luta contra a impunidade. “Esperávamos sair daqui com os acusados desses crimes bárbaros enviados ao júri popular. Essa frustração que temos deve ser transformada em expectativa de luta e em mais mobilização, de mais pressão em cima do Judiciário, para que esses caras sejam julgados e punidos exemplarmente”.

A nova data para a apreciação dos recursos da acusação e da defesa já foi marcada pelo Tribunal: será no dia 5 de dezembro, uma terça-feira, a partir das 13h30. O presidente nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, esteve na sessão e propôs que uma vigília fosse realizada na ocasião, com ampla participação da classe trabalhadora, de modo a pressionar o Judiciário baiano.

“A gente luta para que a Justiça não falhe, mas, nesse caso, ela está falhando. E é claro que nós não vamos baixar a guarda. Nós não temos motivo para baixar a guarda. Ficamos todos tristes, mais uma vez, por ver o adiamento do processo, mas nós vamos transformar o dia 5 no dia da gente. Vamos trazer todo mundo dos sindicatos. Esse caso não pode ficar assim”, afirmou Adilson Araújo.

O Caso

Nos recursos, a defesa contesta a autoria dos crimes, já reconhecida em primeira instância e atribuída ao empresário e oficial aposentado da PM Claudomiro César Ferreira Santana, apontado como mandante, e a seus funcionários Daílton de Jesus, Edilson Araújo e Wagner Souza, que seriam os executores. A acusação contesta a exclusão de responsabilidade de um acusado, o irmão de Claudomiro, o médico Cássio Antônio.

Os dois irmãos eram proprietários da MasterMed, empresa do ramo de plano de saúde que tinha um contrato com o Sindicato dos Rodoviários, onde Paulo Colombiano era tesoureiro. Para os familiares e o Ministério Público do Estado (MP-BA), as mortes foram planejadas por Claudomiro e Cássio depois de saberem que Colombiano havia descoberto uma fraude milionária no contrato de prestação de serviços ao sindicato.