Taxa de juros cai a 7%, mas economia ainda patina

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco do Central anunciou, nesta quarta (6), mais um corte na taxa básica de juros, a Selic, que foi de 7,5% para 7% ao ano. Trata-se do patamar mais baixo desde 1986, mas o Brasil se mantém com um dos países com maior juro real (descontada a inflação) do mundo. Está em quarto lugar no ranking. Os sucessivos recuos não têm sido suficientes para animar a economia, que patina com uma variação do PIB de 0,1% no último trimestre.

Taxa de juros

A decisão do Copom, que já era esperada pelos analistas financeiros, foi unânime e sem viés. Apesar do corte, o Banco Central está afrouxando menos a política monetária. De abril a setembro, o Copom reduziu a Selic em um ponto percentual. O ritmo de corte caiu para 0,75 ponto em outubro e para 0,5 ponto na reunião de hoje.

"O Comitê julga que o cenário básico para a inflação tem evoluído, em boa medida, conforme o esperado. O comportamento da inflação permanece favorável, com diversas medidas de inflação subjacente em níveis confortáveis ou baixos, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária", diz o comunicado do Copom.

O corte se ampara na queda dos índices de preços. Com o desemprego em alta, a renda em queda e os investimentos patinando, portanto sem demanda, o IPCA — índice usado no sistema de metas do governo — está em 2,7% nos últimos 12 meses.

Significa que o nível de preços está abaixo da margem de tolerância da meta da inflação, estabelecida em 4,5%, com variação de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Nesse caso, o recuo nos preços quer dizer que algo vai mal com a economia.

Para a próxima reunião, marcada para fevereiro deste ano, o Banco Central apontou que, caso o cenário básico evolua conforme esperado, vê "neste momento, como adequada uma nova redução moderada na magnitude de flexibilização monetária", ou seja, um novo corte de juros.

"Essa visão para a próxima reunião é mais suscetível a mudanças na evolução do cenário e seus riscos que nas reuniões anteriores", acrescentou a autoridade monetária.

De acordo com um levantamento divulgado a cada reunião pelo site MoneYou em parceria com a Infinity Asset Management, mesmo após a redução da Selic, o Brasil está em quarto lugar no ranking dos países com maior juro real.

Com 2,88% de juro real, o Brasil fica atrás apenas de Turquia (5,87%), Rússia (4,18%) e Argentina (3%). Nas 40 economias pesquisadas, a taxa média está negativa em 0,1% ao ano.

Além disso, a queda na Selic não tem chegado aos bolsos dos brasileiros comuns. Isso porque o spread segue alto, fazendo com que os juros bancários permaneçam em níveis elevados para padrões internacionais.

De acordo com o G1, o Banco Central informou que em outubro deste ano, a taxa média de todas as operações (pessoas físicas e jurídicas, com recursos livres) somou 43,6% ao ano, ou seja, muito acima da taxa básica.