Fórum Alternativo Mundial da Água


Em Fortaleza, o Comitê do Fórum Alternativo Mundial da Água – FAMA, com o tema "Água é direito, não mercadoria" será lançado nesta terça-feira, 17/1, na Assembleia Legislativa do Ceará, às 14 horas.

Esse é um fórum democrático em contraposição ao 8º Fórum Mundial da Água – chamado "fórum das corporações" (que ocorrerá em março de 2018, organizado pelo Conselho Mundial da Água), em processo de construção coletiva com diversas entidades, entre movimentos sociais urbanos e do campo, de luta socioambiental – tanto no âmbito nacional como internacional .

A organização do Fórum acredita na potencialidade deste encontro de reunir os esforços dos movimentos sociais nacionais e internacionais para afirmar o acesso à água como um direito humano fundamental, sobretudo para os/as que vivem o empobrecimento, e os conflitos por água, e para quem a água se tornou um recurso inacessível, devido a destruição ambiental, incluindo o desequilíbrio climático, que determina a quebra dos serviços ambientais, e as iniciativas das grandes corporações que privatizam e mercantilizam a água de maneira crescente.

Acredita que a abordagem das questões relativas à água devem suplantar a abordagem que só visualiza e destaca seu caráter produtivo. A água deve ser entendida a partir de um referencial que a trate como sustentáculo da vida, como elemento sagrado para diversas culturas, e ainda relacionada à gestão de valores ambientais, sociais, éticos e de equidade.

Dentro da atual conjuntura mundial e nacional, de crescentes retrocessos políticos, sociais, econômicos, contra nossa soberania, destaca-se também o violento e suicida agravamento da crise socioambiental.

Os governos no mundo, alguns mais outros menos, tem mostrado negligência, irresponsabilidade, com frequência até criminosa, na gestão dos recursos hídricos, situação em que favorecem os interesses de lucro às custas de prejudicar o interesse da população. Isto tudo se dá iniciando-se na destruição do meio ambiente, com destaque para a poluição nas mais variadas formas e, no Brasil, em especial, temos que ressaltar o criminoso desmatamento e a consequente destruição das nascentes. Tanto a poluição como o desmatamento sempre e diretamente desequilibram o clima, assim como o ciclo hidrodrológico. A disponibilidade de água é diretamente proporcional ao equilíbrio climático e sua não privatização, e colocam as mudanças climáticas e a justiça socioambiental na prioridade deste debate e centro da solução.

Os organizadores do Fórum afirmam "NÃO PERMITIREMOS privatizar a água. PRIVATIZAR A ÁGUA é privatizar um bem comum fundamental, a fonte da vida, é transformar um bem indispensável para se viver em um produto comercial, em negócio para a ACUMULAÇÃO PRIVADA".

É claro que a água para chegar potável à nossa torneira precisa de muito trabalho e de complexos sistemas da captação, reservatórios, tratamento, rede de distribuição. Mas uma coisa é fazer isto como um trabalho responsável de gestão do bem comum água e com controle social, considerando a água um direito humano básico. Outra coisa, radicalmente diferente, é fazer isto para gerar lucros, não importando em nada ser a água um bem comum para todas e todos.

A cerimônia na Assembleia Legislativa do Ceará contará com a participação de movimentos sociais, acadêmicos, juristas, trabalhador@s, socioambientalistas e povos tradicionais e toda sociedade cearense está convidada.

São objetivos principais do Forum:

1. Ser um evento democrático, transparente, participativo, descentralizado e acessível, cuja realização ocorrerá simultaneamente e em contestação ao Fórum Mundial da Água. Terá a função de discutir problemas relacionados à água e ao saneamento, nas suas mais variadas interfaces, em busca de soluções que representem sustentabilidade e segurança hídrica para os seres humanos e a manutenção da vida na Terra.

2. Sensibilizar e mobilizar a população sobre o tema e a problemática da água e do saneamento, empreendendo amplo debate público em todo o País por meio de seminários, aulas públicas, oficinas, atividades culturais, atos ecumênicos etc.

3. Desenvolver um processo de sensibilização/mobilização que deverá servir à construção e realização do FAMA, visando ainda colocar o debate de forma permanente na agenda da sociedade em nível mundial.

4. Denunciar a ilegitimidade do 8º FMA e responsabilizar governos pelo uso de recursos públicos na promoção de interesses privados.

5. Propor e cobrar ações para os governos, visando políticas públicas de pleno acesso à água e ao saneamento, como direito fundamental e com amplo reconhecimento das Nações Unidas.

6. Reforçar a luta contra a mercantilização da Água.

7. Utilizar o lema “ÁGUA É DIREITO E NÃO MERCADORIA”, visando popularizar o tema, intensificar ações e unificar os esforços de ​ cidadãos, coletivos e entidades que atuam nas mais variadas áreas ligadas à água, como abastecimento, saneamento básico, equilíbrio climático, direitos humanos, atingidos por barragens, combate aos agrotóxicos, agricultura, meio ambiente, moradia etc.

8. Tornar estas ações um processo permanente, na perspectiva inicial de criação de espaços públicos de discussão, como comitês populares, para a construção do Fórum Alternativo Mundial da Água em todos os Estados brasileiros e, em segundo momento, promover a organização permanente onde os comitês populares formados ​para a construção do Fórum​ venham a se transformar em comitês de mobilização em defesa da água e do saneamento.

9. Viabilizar esses objetivos com ampla articulação e apoio da cidadania e de organizações, que possam integrar-se ao processo e colaborar com recursos financeiros, materiais e humanos.

Mais informações:
Comitê do Fórum Alternativo Mundial da Água
falar com Cláudia Nascimento (85 – 99669 5099)
ou email [email protected]