Chile condena manipulação em relatório do Banco Mundial

O governo do Chile classificou como uma "imoralidade poucas vezes vista" o erro cometido pelo Banco Mundial em relação aos dados do país no ranking de competitividade empresarial Doing Business. A situação pode ter prejudicado o governo da presidenta Michelle Bachelet.

Michelle Bachelet - Divulgação

Em declarações ao The Wall Street Journal, o economista-chefe do Banco Mundial, Paul Romer, pediu desculpas ao Chile e sugeriu que o problema teve motivações políticas. O ranking mostra uma queda nos indicadores chilenos durante o segundo mandato de Bachelet.

Segundo o jornal americano, Romer admitiu irregularidades no ranking de competitividade empresarial, um dos principais relatórios econômicos do Banco Mundial. A metodologia teria sido trocada várias vezes para modificar os dados de vários países, entre eles o Chile.

Romer garantiu que corrigirá e recalculará o ranking. Na entrevista ao The Wall Street Journal, ele afirma que a posição do Chile foi "especialmente volátil nos anos", uma variação "potencialmente contaminada por motivações políticas no Banco Mundial".

"Quero me desculpar pessoalmente com o Chile e com qualquer outro país que tenhamos transmitido uma impressão equivocada", disse Romer, que reconheceu sua responsabilidade nos problemas.

"É muito preocupante o ocorrido com o ranking de competitividade do Banco Mundial. Além do impacto negativo na situação do Chile, a alteração prejudica a credibilidade de uma instituição que deve contar com a confiança da comunidade internacional", disse a presidenta chilena Michelle Bachelet, em mensagem no Twitter.

Bachelet anunciou que pedirá uma investigação completa sobre o caso. "Dada a gravidade do ocorrido, como governo, pediremos formalmente ao Banco Mundial uma investigação completa", escreveu. "Os rankings feitos pelas instituições internacionais devem ser confiáveis, já que impactam sobre os investimentos e o desenvolvimento dos países", acrescentou a chefe de governo.

“Imoralidade”

Em comunicado, o ministro de Economia chileno, Jorge Rodríguez Grossi, afirmou que o caso se trata de uma "imoralidade poucas vezes vista".

Grossi considerou as declarações de Romer "muito francas e honradas", mas avaliou que elas revelam um "escândalo de grandes proporções". "O objetivo era mostrar uma deterioração econômica durante o governo de Bachelet, com intenções basicamente políticas", disse o ministro de Economia do Chile.

O ranking era elaborado pelo economista Augusto López-Claro, que é chileno e teria sido responsável pelas manipulações. Para Rodríguez, isso reforça a possibilidade de uma intenção política.

"Esperamos que a correção do ranking seja rápida, mas o dano já ocorreu. Esperamos que nunca mais manipulem estatísticas com objetivos políticos, principalmente em um órgão como o Banco Mundial", concluiu o ministro.