Visibilidade Trans: Reforçar combate à violência e lutar por inclusão

Em 29 de janeiro de 2004 aconteceu o lançamento no Congresso Nacional da primeira campanha do país contra a transfobia. A iniciativa de ativistas transexuais para a promoção do respeito e da cidadania foi implementada pelo Ministério da Saúde. A data se tornou o Dia da Visibilidade Trans que marca esta segunda-feira (29). Para a União Nacional LGBT (UNALGBT), a luta é “por mais respeito e inclusão social, no acesso à saúde, à educação e ao mercado de trabalho!”.

Por Railídia Carvalho

Trans - Juliana Moraes/Folhapress

Em nota publicada para marcar a data,  a UNALGBT denunciou a perseguição e o preconceito sofridos pelas pessoas trans, que são um dos principais alvos no Brasil do preconceito e intolerância: “A expectativa de vida de uma pessoa TT, no Brasil, é de aproximadamente 35 anos, e ainda somos o país que mais cruelmente dissemina as nossas vidas, chegando a 179 mortes de TT apenas em 2017, a maioria com requintes de crueldade, definindo a lastimável média de uma pessoa transgênero assassinada a cada 48 horas”, enfatizou a nota da UNALGBT.

A Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Central Única dos Trabalhadores (CUT) também divulgou nota sobre a data onde afirma que o golpe também foi contra os direitos das pessoas trans. “Neste Dia Nacional da Visibilidade Trans, mais do que dizer um sonoro sim à diversidade e considerá-la uma riqueza que adiciona valor às nossas vidas e contribui para a construção de uma sociedade justa e igualitária, convocamos a classe trabalhadora brasileira para o combate aguerrido aos preconceitos perniciosos que, muitas vezes, levam à violação não apenas do direito à educação de qualidade e ao trabalho decente, mas antes, do direito à vida. Lutar contra o golpe é lutar também pelos direitos das pessoas trans!”.

O Brasil é o país mais violento do mundo para a população transexual. Mapa dos Assassinatos de Travestis e Transexuais no Brasil mostra que os assassinatos de TT registrados em 2017 é o maior dos últimos 10 anos. “A violência acompanha a gente diariamente, desde que a gente nasceu. Por isso, não dá para deixar de apontar essa situação. Ocorre que, por muito tempo, a gente vem falando essencialmente em números. No mapa, nós sugerimos propostas de ações para que, em primeiro lugar, a sociedade se inteire dessas propostas e pense como elas podem ser instrumentalizadas para combater esse cenário”, afirmou a secretária de Articulação Política da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) e autora do levantamento, Bruna Benevides.

Entre as propostas feitas pela associação para o combate à transfobia está a sistematização de dados sobre a violência contra a comunidade trans. Segundo Bruna, nas esferas governamentais não há dados oficiais desses crimes. De acordo com a entidade, é necessário “conquistar a efetivação da criminalização, qualificação e tipificação de crimes cometidos por discriminação contra a população LGBTI”. O objetivo é dar visibilidade e estabelecer uma padronização de procedimentos de apuração e também produção de dados. Atualmente, é feito com precariedade.    

“Nos últimos anos, com a maior visibilidade da população TT, temos defendido de forma ampla a inclusão destas pessoas do Brasil, nas áreas de educação e de trabalho, apresentando novas perspectivas de qualidade de vida, necessárias como as de qualquer outra pessoa da sociedade brasileira", finalizou a nota da UNALGBT.