Manifesto pela unidade: O papel dos comunistas e as surpresas

"Mais um importante serviço prestado ao país pelo líder comunista Renato Rabelo." Não seria exagero, partidismo ou menosprezo com a participação dos demais uma definição deste tipo.

Por Ricardo Cappelli*

manifesto Projeto nacional - Foto: Richard Silva/PCdoB na Câmara

A contribuição do presidente da Fundação Perseu Abramo, o brilhante Márcio Pochman, foi extraordinária. Todos deram contribuições que merecem ser aplaudidas.

Mas foi a responsabilidade e a compreensão histórica do presidente da Fundação Maurício Grabois a “massa” decisiva para juntar tantos tijolos. PT, PDT, PCdoB e PSOL. Sem ele, sua credibilidade e paciência, dadas as desconfianças e os estranhamentos existentes na esquerda, dificilmente a mesa do último dia 20 seria composta.

Pochman, ao relativizar na prática a importância das políticas distributivas sem negá-las, e colocar a necessidade de um novo projeto nacional de desenvolvimento como pilar fundamental de um programa da esquerda, presta grande serviço à nação.

Os comunistas batem nesta tecla há muito tempo. Conseguir unificar parte da esquerda em torno de um documento com tal conteúdo não é pouco. Se será a base programática de uma união desejável ainda é cedo para afirmar. Se temos unidade programática, por que não uma só candidatura?

Duas surpresas marcaram esta fase de concertação das esquerdas. Uma preocupante e outra positiva.

Algumas das reuniões para elaboração do documento aconteceram na sede da Fundação João Mangabeira em Brasília, dirigida pelos Socialistas. A ausência do PSB no lançamento do manifesto foi uma grande surpresa. Alguns parlamentares da legenda estiveram presentes. Como partido, a cadeira vazia.

A morte prematura do saudoso Eduardo Campos, que tanta falta faz ao país, é a única explicação possível. Os socialistas ainda parecem procurar um caminho. A hora é de compreensão e paciência com o momento turbulento do PSB, que o fez faltar a festa organizada em sua própria casa.

A outra surpresa, muito positiva, foi a presença do PSOL. As recentes intervenções, equilibradas e inteligentes, do presidente Juliano Medeiros e de expoentes da legenda como Maringoni e Fevereiro, abordando questões políticas e econômicas com muita sobriedade, são um fato novo e animador.

O partido, que no seu nascedouro acabou por ter sua imagem vinculada ao udenismo multiculturalista dos “globais cariocas”, parece estar assumindo uma nova roupagem. Parece tentar se livrar do cacoete de “costela esquerda do PT” para se apresentar como uma agremiação com idéias e programa próprio, para disputa do poder real. Um ótimo sinal.

Que Renato, Pochman e outros tenham sucesso nesta missão semeadora da Unidade. Os Brasileiros agradecem.