Jandira rebate ministro e cobra resposta sobre déficit de médicos

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, esteve nesta quarta-feira (28) na Câmara dos Deputados para apresentar um balanço de sua gestão. Em 50 minutos, apresentou aos parlamentares uma realidade bem distante da vivida pelos brasileiros que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) diariamente, com eficiência e atendimento de qualidade. Barros enalteceu a “gestão transformadora” que realizou e enumerou os “avanços” da Pasta.

Por Christiane Peres

Jandira - Richard Silva/PCdoB na Câmara

“Se queremos um SUS melhor, temos que mudar o SUS. A enorme resistência está sendo mudada, convencida. E estamos fazendo um SUS melhor para todos os brasileiros”, disse Barros.

Para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), o ministro fez uma prestação de contas “cínica”. “Parece até que não há problemas na saúde. A vida inteira falamos sobre o subfinanciamento da saúde e em vez disso, ele fala em economia de recursos. Há uma série de retrocessos na área da saúde neste governo, como o desmonte do SUS, com o investimento nos tais planos populares de saúde, no combate à febre amarela, na saúde mental e em várias outras áreas. Saúde depende da qualidade de vida das pessoas, não é só uma questão assistencial e nós estamos voltando ao mapa da fome”, criticou a parlamentar.

Após a fala de Barros, Jandira questionou o ministro sobre o déficit de profissionais no Rio de Janeiro. A parlamentar alertou que há um déficit de 3.592 profissionais no estado e cobrou explicações do responsável pela Pasta sobre o não cumprimento de decisão judicial que determina a renovação dos contratos temporários de profissionais de saúde que atuam em unidades federais no Rio.

“O ministério não está cumprindo a decisão. Não é possível que tenhamos uma apresentação que diga que tudo funciona e nós estejamos numa crise como a que estamos vivendo na saúde”, disse Jandira, que coordena a Comissão Externa da Câmara que analisa a situação das emergências dos hospitais federais do Rio de Janeiro.

Em resposta, Barros afirmou que uma “adequação na gestão” será feita nesses hospitais e que o Ministério do Planejamento “ainda não liberou as contratações”.

Enquanto Barros falava aos parlamentares, no Rio de Janeiro, a emergência do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) era inaugurada, sob protestos, após mais de seis anos em obras e com um déficit de 435 profissionais de saúde. “É um absurdo essa inauguração com déficit de pessoas. É preciso que a Justiça aja para fazer cumprir as decisões”, disse a parlamentar.

Jandira afirmou ainda que a Comissão Externa deve se reunir o Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) e o Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren-RJ) para acionar a Justiça contra o Ministério da Saúde neste caso.