Mulheres ocupam ruas de Fortaleza por respeito, direito e democracia

A manifestação em alusão ao Dia internacional da Mulher em Fortaleza neste ano, além da questão relativa às mulheres, ratificou a luta contra o golpe em curso no Brasil. Cerca de duas mil pessoas voltaram a ocupar as ruas do centro da capital cearense nesta quinta-feira (08), para lutar por direitos iguais, contra a violência que vitima milhares de mulheres, em defesa do empoderamento feminino e pela luta contra os retrocessos impostos pelo governo golpista de Michel Temer.

Mulheres ocupam ruas de Fortaleza por respeito, direito e democracia

O local de concentração foi simbólico: nas escadarias da Faculdade de Direito da UFC, localizada a um quarteirão do Instituto Dr. José Frota (IJF), que recebe milhares de vítimas de feminicídio, e a duas quadras da Delegacia de Defesa da Mulher, referência no atendimento de vítimas de violência no Estado.

Éramos jovens, mães, profissionais liberais, professoras, bancárias, indígenas, donas de casa, sindicalistas, estudantes; homens e mulheres, lado a lado, compartilhando o sentimento unitário de lutar por mais direitos. Aos brados de “A nossa luta é todo dia, por mais direito e democracia” e o já consagrado “Fora Temer”, o ato seguiu em caminhada pelas principais ruas do centro de Fortaleza, com forte adesão de comerciários e da população em geral, até a Praça da Justiça Federal.

Sob o lema “Dia Internacional da Luta das Mulheres”, o ato unificado e plural reuniu a Frente Brasil Popular, partidos políticos, centrais sindicais, parlamentares e as mais diversas frentes dos movimentos sociais. Protagonistas em casa, na vida, no trabalho, onde quer que estejam, as mulheres se fazem cada vez mais fortes em seus ambientes de atuação. A dona de casa Maria do Socorro, 68 anos, disse sentir-se entusiasmada com a luta das mulheres de hoje em dia. “Vivi outros tempos, quando a gente mal podia opinar. Vê-las nas ruas me enche de orgulho”. Já a estudante Mariana Lima, 16 anos, reforça que a luta por direitos é constante. “É por mim, por você, pelas que morrem vítimas de violência doméstica, por todas nós”, ratifica.

Números que assustam

– A cada quatro minutos, uma mulher é vítima de agressão no Brasil.

– A cada uma hora e meia, uma mulher é vítima de feminicídio no País.

– O Brasil registrou 1 estupro a cada 11 minutos em 2015. E, segundo a pesquisa, calcula-se que estes sejam apenas 10% do total dos casos que realmente acontecem. Ou seja, o Brasil pode ter a assustadora taxa de quase meio milhão de estupros por ano.

– Uma em cada três mulheres sofreram algum tipo de violência no Brasil no último ano.

– 22% das brasileiras sofreram ofensa verbal no ano passado, um total de 12 milhões de mulheres. 10% das mulheres sofreram ameaça de violência física, 8% sofreram ofensa sexual, 4% receberam ameaça com faca ou arma de fogo. E ainda: 3% ou 1,4 milhões de mulheres sofreram espancamento ou tentativa de estrangulamento e 1% levou pelo menos um tiro.