Vanja Santos: Às ruas no mês da mulher para dizer "basta"

Mais uma vez as mulheres se preparam para travar a luta do 8 de Março nas ruas, onde historicamente se manifestam e cobram ações do governo em relação as suas pautas. Mobilizam-se para denunciar e combater o machismo, o preconceito e a violência, responsáveis pelo aprofundamento da desigualdade de gênero e pela morte de milhares de mulheres. As bandeiras são as mais diversas.

Por Vanja Santos*

Vanja Santos - reprodução

Os avanços, ainda tímidos, foram sufocados por uma mudança de governo descompromissada com as pautas das lutas das mulheres. Mais que isso, um governo focado na retirada de direitos de trabalhadores e trabalhadoras e empenhado na implantação do Estado mínimo.

O desmonte do estado brasileiro é acompanhado por um movimento antidemocrático que avança em todas as frentes e tem como sustentação o Congresso Nacional que vem cumprido a tarefa de casa e propondo pautas reformistas e conservadoras que atingem em cheio o povo brasileiro e as mulheres são as mais penalizadas com esse retrocesso favorecido por medidas antidemocráticas. Esse é um movimento do campo da direita conservadora e do sistema neoliberal que tem se ampliado pela América Latina.

E o 8 de Março em todo o Brasil será marcado pela resistência e pela presença criativa das mulheres nas ruas e nas praças levantando bandeiras e entoando gritos por mudança. Lutar contra o machismo, o racismo, a LGBTfobia e contra todo o retrocesso de direitos e políticas sociais que vinham tirando milhares de brasileiros e brasileiras da linha da pobreza. Elas vão ás ruas pra dizer "basta!”. Dizer que NÃO querem a PEC 95, que precariza a saúde e a educação, NÃO querem a PEC 181, que faz apologia ao estupro, NÃO querem as cotas que estimulam as candidaturas “laranjas” de mulheres em eleições, querem cotas de cadeiras no parlamento! Que devem estar nos espaços de poder e decisão. Não querem “Reforma trabalhista e previdenciária”, querem isonomia salarial para trabalho semelhante aos dos homens, direito a amamentar de forma decente e correta, não querem ser assediadas moral e sexualmente em pleno exercício de sua função profissional. Que merecem respeito! Querem igualdade em direitos!

Segundo levantamento da ONU de 2015, que avaliou a equidade de gênero em 167 países que assinaram a Plataforma de Ação de Pequim em 1995, ainda temos pela frente 81 anos para igualdade de gênero e 50 anos para igualdade de representação parlamentar. Essa avaliação, foi feita antes do golpe sofrido pela primeira presidenta eleita no Brasil de forma direta e retirada do cargo através de um golpe político, midiático e misógino. Dessa forma, consideramos que no caso do Brasil, devemos elevar esse período previsto pela ONU pois o ataque feito por esse governo e seus congressistas aos direitos das mulheres e trabalhadoras não favorecem ao avanço previsto. Esse governo não tem visão da importância do papel da mulher na construção de um país, ainda a trata como cuidadora e educadora tão somente. Dessa forma, impossível aumentar investimentos para políticas que colaborem para a efetiva participação da mulher na sociedade, sobretudo no que chamamos de equipamentos sociais que desprendem as mulheres de afazeres domésticos possibilitando uma vida social mais participativa.

Para atuar contra a um estado inerte às lutas sociais e aos direitos das mulheres temos que dialogar muito dentro dos movimentos de mulheres e fora dele, com redes e articulações para fortalecer as bandeiras e criar formas de atuações em várias frentes buscando formar e informar a população acerca do que seja e suas bandeiras. Envolver os homens nesse debate é fundamental, buscar refletir os direitos humanos e a igualdade, tornando-os parceiros nessa luta.

Nesse 8 de março é preciso estar nas ruas! Popularizar cada vez mais a luta feminista! Mostrar nossa Resistência e nossa insistência em reconduzir o Brasil ao caminho do desenvolvimento e soberania, com equidade de gênero, avançando nas conquistas sociais e nos direitos das mulheres e do povo brasileiro.

Viva às mulheres!
Viva à resistência!
Viva à luta!
Viva ao 8 de março!

*Vanja Santos é presidenta da União Nacional de Mulheres