Vereadores realizam sessão solene no Dia Internacional da Mulher
A Câmara Municipal de Fortaleza realizou, na última quinta-feira (08), Sessão Solene em Homenagem ao Dia Internacional da Mulher. A solenidade foi uma iniciativa das vereadoras Cláudia Gomes (PTC), Larissa Gaspar (PPL), Marília do Posto (PRP), Eliana Gomes (PCdoB), Priscilla Costa (PRTB), Lucimar Martins (PTC).
Publicado 12/03/2018 12:49 | Editado 04/03/2020 16:23
A homenagem foi definida pela resolução 1.626 de 11 de setembro de 2013. Segundo a norma, cada vereadora poderá indicar até quatro mulheres, devendo constar da placa o nome do parlamentar que estiver ocupando a função de Presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, bem como os nomes de todas as Vereadoras que estejam no exercício de Mandato Parlamentar.
A sessão foi presidida pela vereadora Cláudia Gomes, no ato representando o presidente da CMFor, vereador Salmito Filho (PDT). A Mesa Solene foi composta pelas vereadoras Larissa Gaspar; Lucimar Martins (Bá); Marília do Posto; Priscilla Costa e Eliana Gomes; por Ana Kelly Mântua, representando a defensora pública geral Mariana Lobo; Nádia Drumond, secretária-executiva de Ciência e Tecnologia e Educação Superior do Estado do Ceará. As primeiras homenageadas foram as indicadas pela vereadora Cláudia Gomes.
Vereadora Cláudia Gomes
Neuma Brito Figueiredo, decoradora, responsável pela Casa Cor Ceará, editora de livros Instituto Cor da Cultura, tem deixado sua marca de forma revitalizadora em locais públicos, como o Passeio Público, e a Casa Barão de Camocim, onde foi feito um trabalho minucioso de restauro entregue em 2017, um espaço cultural para a população.
Outra homenageada é Maria Suzete Dias Vasconcelos, empresária presidente da empresa Madrevita. Esposa de José Dias Vasconcelos, formada em ciências contábeis. Aos 21 anos seu marido estabeleceu J.Vasconcelos no ramo de representações de produtos químicos e farmacêuticos, mas tinha o sonho de criar o laboratório farmacêutico. Em 1955 comprou um laboratório de Pernambuco, que tinha um produto Madrevita, que deu nome a empresa. Em 2001, José Dias Vasconcelos faleceu. Perto de completar 90 anos de idade vem enfrentando muita garra e coragem a frente do Laboratório Madrevita, uma das grandes empresas do país.
Em sua saudação, Cláudia Gomes disse ser um dia especial, porque há muito a comemorar e muito a lutar pelos interesses das mulheres. “Hoje me deparei com notícias tristes, no ano de 2018, mulheres com a mesma carga horária e mesmo cargo, ganham menos que os homens, fiquei aborrecida e abismada. Como pode acontecer isso nos dias de hoje? Outro assunto é a violência contra a mulher. Precisamos de leis para nos defender. Estamos homenageando hoje mulheres que contribuem muito. Chegamos aqui porque muitas de nós sofreram depressão, repressão, violência e até assassinadas foram. Temos que estar muito unidas e lutar muito”, frisou.
“Temos aqui duas mulheres lutadoras, que desde jovens trabalham. Hoje são empresárias porque lutaram muito. Vocês sabem como é difícil conseguirmos cargos de chefia. Muitas conhecem aquele olhar de alguns que acham que não temos competência. Mas nós precisamos de apoio, compreensão e respeito do homem, pois do contrário não conseguimos. Aqui está do meu esposo (ex-vereador Marcílio Gomes). Casei aos 17 anos, sou engenheira e fisioterapeuta. Suzete e Neuma são empresárias, geram empregos e levam o nome do Ceará para o Mundo. A todas meus parabéns!
Vereadora Eliana Gomes
Em seguida a vereadora Eliana Gomes prestou suas homenagens: Maria Goretti de Sousa Melo, formada pela Uece. Contribuiu implantando o serviço social em 1990 em empresas do ramo têxtil. Em 1994, auxiliou na implantação da Fundação da Criança e Família Cidadã (Funci). Em 14 anos implantou a comissão de maus tratos do IJF, agências de cidadania, com equipes de assistência social, integrada por advogados, agentes de cidadania, no sentido de levar atendimento psicossocial e jurídico com qualidade e garantir o direito cidadão. Além de núcleos de famílias nas comunidades mais vulneráveis, e projetos sociais, como: Crescer com Arte, Família Cidadã e no fortalecimento familiar e comunitário. Esteve a frente da capacitação dos conselhos tutelares e do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Comdica). Contribuiu com projetos sociais, criação da ONG Socorro Abreu, Cooperativa Arte e Costura, entre outras. Em 2006 trabalhou na Habitafor e em 2015 na Secretaria de Cultura, atualmente é assistente social da Secretaria de Assistência Social, atendendo população de rua.
Francileuda Rodrigues Soares, especialização em serviço social, assistente social e formação na Faculdade Metropolitana. Seu primeiro trabalho foi aos 15 anos auxiliar de professora, foi professora alfabetização na escola Dom Aluísio na Jurema. Participou na CIPA, foi mãe aos 23 anos. Militante do movimento mulheres, filiada ao PCdoB, atualmente presidenta nacional das mulheres do PCdoB, participa do conselho municipal de mulheres. É portadora de hemofilia, faz parte do movimento por dias melhores para os hemofílicos do Estado.
Em sua saudação, Eliana Gomes disse ser hoje um dia de luta que relembra as operarias mulheres que lutaram para esse dia existir, que morreram queimadas quando lutavam pela redução da carga horária injusta, mais de 140 morreram queimadas. “Tenho certeza que cada uma aqui presente tem uma história de muito trabalho. Mulheres que são abusadas, que não denunciam com medo de ser julgadas. São essas mulheres que tombaram pela liberdade e democracia. Hoje milhares de mulheres foram as ruas pedir democracia”.
“Queremos uma sociedade mais justa e igualitária, precisamos mais de Marias da Penha, que dedica cada dia, a defesa de direitos. Antes da lei, a vida das nossas mulheres eram pagas com cestas básicas. Com a lei tivemos o direito de ver o agressor preso e as medidas protetivas. Porque não deixam o governador Camilo Santana abrir a Casa da Mulher Brasileira. Quanto é importante ter lá o apoio necessário as mulheres merecem ter um lugar ideal para trabalhar. Hoje ouvimos o choro de muitas mulheres que perderam o Bolsa Família de forma injusta. Hoje 52% dos chefes de família são mulheres”, destacou.
Eliana disse que defender um País mais democrático, com igualdade, solidariedade, felicidade, e com o desejo de viver, o direito de ir e vir. “Tivemos uma mulher presidenta que sofreu um golpe, mas foi ela que criou vários instrumentos em defesa da mulher. Mas é nessa casa que devemos defender os direitos da mulher. Quero homenagear as mulheres e quero dizer aos homens, que quem ama não mata, que o respeito é primordial para a vida em sociedade. Quero ter força e resistência para lutar contra todos os preconceitos e pela vida das mulheres”, concluiu.
Vereadora Larissa Gaspar
Em seguida, a vereadora Larissa Gaspar fez suas homenagens: Daiany Mayara de França Saldanha, graduada em licenciatura plena em Educação Física, possui certificado internacional de projeto e gerenciamento e desenvolvimento 2006. Presidente do Instituto Esporte Mais, assessora da ONU Mulher, consultoria de várias entidades da sociedade civil, empreendedora, gerente de projetos, participa de iniciátivas em prol de direitos humanos, pela igualdade de gênero e empoderamento das mulheres e meninas, tem experiência na governança institucional e articulação temática
Fátima Maria Rosa Mendonça, graduada em direito Unifor, biblioteconomia, especialista em direito processual penal e civil titular das varas de Palmácia, Aratuba, Maracanaú, Itapiúna, Capistrano Maranguape, Baturité, Redenção vinculada de Acarape, Pacatuba, juizado especial de Aquiraz, Mulungu, Horizonte e Eusébio, membro da junta recursais do juizado especial civil de Aquiraz, entre outras. Em 2007, pelo critério do merecimento foi guindada para a titularidade do Juizado da Mulher, em que se encontra até a presente data.”
Segundo a vereadora Larissa Gaspar, essa é uma data muito importante para quem luta contra a discriminação e violência, “essa data reconhece mulheres que nos antecederam. Essa data não é apenas para receber presentes, mas para lembrar a luta e refletir que conseguimos muitos direitos, mas ainda falta muito a conquistar. A cada 20 minutos uma mulher e engravida. A cada 19 minutos uma menina se torna mãe. A cada hora e meia uma mulher é assassinada, a cada dois segundos a mulher é vítima de violência. A igualdade, ainda, não é uma realidade no Brasil”, observou.
Asseverou que quanto a participação na politica, deixa muito a desejar e precisa ser estimulada, “precisamos dividir as tarefas domésticas, as mulheres precisam de ter tempo disponível para se capacitar, estar nas reuniões. As mulheres gastam 20 horas em atividades domésticas devemos discutir isso para criar uma sociedade justa para todos”, opinou.
A vereadora afirmou que nesta quinta-feira, mulheres percorreram a Avenida José Bastos “e foram até a Casa da Mulher que está pronta dede 2016 e não foi inaugurada ainda por irresponsabilidade do presidente Temer, que mandou um ofício para o Governador Camilo Santana, proibindo que entrassem no prédio do contrário sofreriam penalidades. O ofício foi enviado como Secretaria Nacional de Políticas Contra a Mulher, a gafe acabou se tornando realidade. Presidente Temer crie vergonha e exerça seu papel com dignidade!, criticou.
Vereadora Lucimar Martins
A vereadora Lucimar Martins, a Bá, fez em seguida suas homenagens: Maria das Graças Cabral Galdino, graduada em direito pela UFC, especialista em direito imobiliário pela UVA, advogada e trabalha no escritório Solução Advocacia e Consultoria. É coordenadora pedagógica da OAB Ceará, professora titular da Unifor, assessora jurídica do 1o Oficio de Notas, é especialista em Direito Imobiliário, entre outros. Participou de 145 bancas de conclusão de trabalhos acadêmicos.
Maria de Fátima Ramalho Souza, natural da Paraíba, caçula de 5 filhos, trabalhou na lavoura. Em 1981 chegou a Fortaleza no bairro Bom Jardim. Depois foi para a Vila Manoel Sátiro morar com seu esposo. Teve uma filha, Jéssica e adotou Paulo Victor. Em 2003 criou a quadrilha Profeta do Sertão, muito conhecida no Estado. Em 2013 superou um câncer. Mastectomizada, hoje é avó, experimentou amor indescritível, superou dificuldades, venceu a neoplasia e continua vencendo graças a Deus”.
Lucimar Martins disse que a comemoração do dia envolve reflexões e lutas, “entre tantas comemorações temos que repetir sobre as conquistas. Para mim não pode ser conquista o que já temos direito. Somos iguais, o que nos diferencia é o sexo. Aproveito a oportunidade para agradecer as duas convidadas que considero mulheres especiais, que muito têm lutado para vencer as dificuldades da vida, cada um com sua trajetória, cada uma com sua medida peculiar, caminhos descrito por cicatrizes, das batalhas vencidas. Quero homenagear todas as presentes e principalmente minha mãe e minhas filhas. Encerro com o poema Alma de Mulher, pois nada é mais contraditório do que ser mulher. Hoje é a homenagem, mas as mulheres devem ser homenageadas todos os dias”.
Vereadora Marília do Posto
A vereadora Marília do Posto deu segmento a solenidade: Dora Isabel de Araújo Andrade, bailarina, condutora da Edisca. Escola que tem 289 alunos, entre 5 e 20 anos, que fazem aula de danças, história da arte e recebem assistência médica e odontológica. Os alunos já se apresentaram em diversas cidades do Brasil e exterior. A Escola tem como objetivo, através da dança, resgatar o sentido da cidadania desse grupo carente. Maria Clodosita dos Santos, nasceu em Fortaleza em 1947. Médica, iniciou sua vida profissional na antiga LBA, voltada para gestantes e crianças carentes, trabalhou no serviço público em prol das pessoas mais humildes.
Conforme Marília do Posto, falar de mulher é algo muito sublime. “Temos a definição de mulher guerreira lutadora. Hoje trouxe duas pessoas, que é a cara de mulheres brasileiras, Dra, Clodosita, pediatra que sempre trabalhou no serviço publico, lutou pelo próximo e pelas crianças carentes. Dora Andrade trabalha com crianças carentes de periferia de Fortaleza, ela faz a parte social da Edisca e tira as crianças das ruas, Isso é o que o jovem precisa hoje, alguém que lhe dê a mão. Por isso só tenho a agradecer a essas duas mulheres e a todas as presentes”.
Vereadora Priscila Costa
A homenagem seguinte foi feita pela vereadora Priscilla Costa ao Segmento Feminino da 10a Região Militar e a Cristiane Ramires, fundadora do Centro de Reabilitação Leão de Judá, que tem dois segmentos, a masculina e feminina. Mulher determinada e guerreira, que sem qualquer ajuda de órgão públicos atende 100 residentes em suas unidades
Priscilla afirmou que a mulher é algo muito maior que bandeira politica, maior que um partido. “Para começar falando sobre essas homenageadas, gostaria de declarar o amor incondicional a uma mulher – minha mãe Edna. Cristiane me influenciou positivamente. Ela fundou um trabalho de recuperação de dependentes químicos. Encontrei Cristiane nas noites de Fortaleza nos lugares escuros tentando resgatar homens e mulheres escravizados pelas drogas, isso impactou minha vida. Quantas vidas através foram salvas de sua mão, por essa semente de esperança eles foram libertos, quantos filhos receberam a atenção das mães?”, indagou.
“Quero também dizer do meu muito obrigado pela dedicação ao segmento feminino da 10a Região Militar. Hoje podemos ter essa conquista a participação da mulher nas Forças Armadas, mas é importante salientar que na Segunda Guerra, as mulheres iam como enfermeiras voluntariamente. Lembro da cearense Jovita Feitosa que não é muito lembrada, mas que se alistou na Guerra do Paraguai.
Quero citar aqui a Coronel Sônia Cristina Maciel, chefe de enfermagem do Hospital Militar de Fortaleza, formada na primeira turma em 1992; primeira-tenente Rebeca Torres, participou de operações na comunidade na Maré, no Rio de Janeiro; segunda-tenente Daniele Lima, assessora 2015; segunda-tenente Jacilene Dias Rocha, serviço e fiscalização; primeira-tenente Isabel Guimarães, turma 2012 em Salvador, fez aperfeiçoamento em Miami; segunda-tenente Talita Tavares, participou do pelotão da Copa do Mundo; terceira sargento Lilian Natália Viana dos Prazeres, atuou com tropas na comunidade da Maré. Todas elas são mulheres que muitas vezes são poucas enaltecidas mas se doam pela pátria”
Em nome das homenageadas falou Dora Andrade. Ela relatou que foi um caso de violência que a fez despertar a trabalhar com crianças e jovens carentes. Um ato de covardia que me causou uma decepção profunda. Vi a grande luta das mulheres em busca do respeito de seus companheiros. Então eu penso, o que estamos deixando para as futuras mulheres, Falamos pouco de como estamos educando nossos meninos. Agradeço a homenagem e acho importante dedicar e compartilhar com uma mulher muito importante na minha vida, minha mãe, que teve capacidade de perceber e me direcionar na vida, minha irmã Cláudia, que foi minha alma gêmea e amiga de luta e minha filha Isabel. A todas vocês parabéns!